quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

NOME SANTO: JEOVÁ OU JAVÉ?

Desde os tempos antigos sempre houve várias discussões sobre o verdadeiro nome de Deus. Alguns diziam e dizem que o nome verdadeiro do Eterno é Jeová ou Javé. Tais pessoas pessoas pregam com veemência a importância de santificar o nome “Jeová”. Dentro dessa concepção quem não reconhece a Divindade com esse nome é porque ainda não conheceu a verdade. 

 Na atualidade, há um crescente interesse pelo idioma hebraico para descobrir a verdade sobre esse tema. Alguns chegam a dizer que ler a Bíblia e não pronunciar o nome correto de Deus em hebraico, trocando o nome pelos diferentes títulos, chega a ser um desrespeito com a divindade.

Tais considerações são coerentes com todo o contexto Bíblico? Será que realmente, para se salvar, é importante conhecer a antiga pronúncia do nome de Deus com exatidão? O nome de Deus realmente é Jeová?

Segundo o dicionário da Internet “Priberan” o termo “nome” significa palavra que designa pessoa, animal ou coisa. Ou seja, nome é como as coisas ou como nós somos chamados. A Bíblia fala que Adão deu “nome” a todos os animais segundo a sua espécie Gênesis 2:20.  Desse modo, podemos encontrar vários tipos de nomes. Nomes próprios, nomes comuns, sobrenomes, apelidos, são tudo formas de chamarmos ou designarmos os seres. Para desenvolver melhor o tema, iremos chamar de nome principal o primeiro nome das pessoas ou o nome primitivo dos seres.

Interessante que na maioria dos países da América Latina, com exceção do Brasil, as pessoas são chamadas pelo sobrenome. Exemplo: Nome principal: Diego Armando Maradona, é chamado de Maradona.  Nome principal: Ángel Fabián Di María,  é chamado de Di María.  Outra forma muito conhecida de chamar alguém é pelo apelido: Nome principal: Edson Arantes do Nascimento. É chamado pelo apelido, Pelé. Nome principal: Manuel Francisco dos Santos. Era chamado pelo apelido, Garrincha. Quando dizemos que Pelé e Garrincha não são nomes estamos apenas querendo dizer que não é o nome principal da pessoa. Entretanto, levando em conta o que significa a palavra “nome” podemos, sim, dizer que os apelidos também são nomes, pois designa e nomeia os seres e ainda é reconhecido por quem assim é nomeado.  Se você vir o Edson Arantes do Nascimento na rua e gritar “Oh Pelé!” ele vai entender que você está se dirigindo a ele, não vai dizer: “Preste atenção, o meu nome é Edson Arantes, rapaz”.

Quando chamados o Obama de “Presidente” estamos dando um título para ele. Esse título também é um nome, pois, dentro de alguns contextos, esse nome também designará ou nomeará tal pessoa, no caso, o Obama.  Como  há muitos presidentes, é o contexto e a situação que indicará a que presidente se refere. Alguém que manda entregar uma carta para o “presidente” na Casa Branca, para melhorar aspectos da política norte americana, com certeza, não está se referindo a Dilma Rousseff.

O nosso Deus tem vários nomes com significados: Aará - Meu Pastor, Adon Hakavod - Rei da Glória, Adonay (חשם) – Senhor, Attiq Yômin - Antigo de Dias , Divino Pai Eterno - uma concepção a Deus Pai El (אל) - Deus "Aquele que vai adiante ou começa as coisas" El-Berit - Deus que faz pacto ou aliança, El Caná - O Deus Zeloso, El Deot - O Deus das Sabedorias, El Elah - Todo Poderoso, El Elhôhê Israel- Deus de Israel, El-Elyon (אל עליון )- Deus que faz pacto ou aliança, El-Ne'eman - Deus de graça e misericórdia, El-Nosse - Deus de compaixão, El-Olan (אל עלם)- Deus eterno, da eternidade, El-Qana - Deus zeloso, El Raí - O Deus que tudo vê, El-Ro'i - Deus que vê (da vista), El-Sale'i - Deus é minha rocha, o meu refúgio, El-Shadday (אל שדי )- Deus Todo-Poderoso, Eliom - Altíssimo, Elohim – (plural) (אלחים)- Deus; Criador "implícito o poder criativo e a onipotência" ,Eloah – (singular) (אלוה )- Deus; Criador "implícito o poder criativo e a onipotência", Gibbor – Poderoso, Há'Shem – (השם)- O Nome - Senhor - o mesmo que YHVH, (mais usado no Judaísmo) Kadosh – Santo, Kadosh Israel - Santo de Israel, Malakh Brit - O Anjo da Aliança, Maor - Criador da Luz, Margen – Protetor, Mikadiskim - Que nos santifica, Palet - Libertador.

Algumas pessoas dizem que tais designações não são nomes, mas sim títulos, o que não é verdade. Como já foi dito acima, esses títulos não representam o nome principal, entretanto, não deixa de ser um nome, já que também é uma forma de designar um ser. Quando um Sacerdote entrava no templo de Salomão e dizia “Eloah = Deus Criador” não estava se referindo ao “Eloah” das nações pagãs. Ao falar “Eloah”, o Criador dos céus e da terra já sabia que o sacerdote estava se referindo a ele e não a nenhum “deus” pagão, Deus entendia isso mesmo sem o sacerdote mencionar seu nome Principal.

Assim, mesmo sabendo que Deus tem vários nomes que o chamam, também não podemos negar que a Majestade também possui um nome principal, isto é, um nome que ele próprio deu a si mesmo e pediu para os antigos Patriarcas, Abraão, Isaque e Jacó, assim o chamar. O povo de Israel e seus profetas antigos também chamavam Deus por esse nome principal.

Esse nome, na língua hebraica, é representado por quatro letras “YHVH” muito conhecida por “tetragrama”. A Bíblia em português traduz essas quatro letras como “Senhor” ou “Jeová”. Onde na sua Bíblia está Senhor, no original Bíblico está o tetragrama.

O que se sabe sobre o nome principal de Deus é que a pronúncia correta e exata se perdeu através dos tempos. Alguns judeus com medo de profanar o nome de Deus começaram a chamá-lo de “Adonai – Senhor dos Senhores” e com isso o nome próprio do Pai foi sendo esquecido mais e mais. Hoje em dia várias pessoas dizem saber o nome exato do Eterno, mas se formos pesquisar a fundo, perceberíamos que não há ainda um consenso sobre o assunto.

Conseguem de fato pronunciar a primeira sílaba do nome do Eterno “YA” pronunciando “y” como o nosso “ i “. Verdadeiramente o nome de Deus começa com “YA”. Percebemos as iniciais do nome de Deus nas silabas finais da palavra “ AleluYAH. Porém não há consenso quanto a pronúncia das silabas finais. Alguns dizem que a verdadeira pronúncia é “ YAUÉ”  com som de “u” outros dizem que a verdadeira a pronúncia é com som de “v   “YAVÉ”. Saber se é com som de “u” ou com som de “v” faz toda a diferença, já que a mudança de um só fonema em uma língua  pode mudar completamente o nome e seus significados.

Resumindo. Dada a complexidade do tema, o que se tem até agora são deduções, muitas até que muito coerente, só que ainda não chega a ser uma verdade absoluta. Não dá para afirmar com exatidão que os antigos patriarcas e profetas que viveram entre 3 e 2 mil anos antes de Cristo assim pronunciavam o nome da Majestade.

No entanto, há consenso em uma coisa: Deus não foi chamado de Jeová e muito menos de Javé pelos povos Bíblicos. Não há som de “J” na língua hebraica. Como já comentamos, as iniciais do nome de Deus é com “IA” e não “JA” ou “JE”. Quando chega um estrangeiro em nosso país, por exemplo, mesmo sabendo que há fonemas que não existem em nossa língua, tentamos e nos esforçamos para pronunciar os nomes das pessoas tal como ela é chamada em seu  país de origem. Assim, quando uma pessoa vem da Espanha e se chama “Juan” não tentamos traduzir tal nome chamando-o de João.  E também não pronunciarmos o jota como na nossa língua, pois estaríamos errando o nome da pessoa, pois o jota na Espanha se pronuncia como o nosso duplo erre que aparece no meio das palavras “caRRo” ou “ MacaRRão”. Portanto, podemos cometer erros ao pronunciar um nome estrangeiro quando não levamos em conta os fonemas (sons que são representados por letras) da língua do outro. Por isso que os nomes principais das pessoas na Bíblia deveriam ser transliterados (usar os mesmos sons da língua original) e não traduzidos como acontece na Bíblia.

Outra coisa interessante a discutir sobre esse tema são as interpretações errôneas sobre os textos que pedem para santificar o nome de Deus. As pessoas pegam textos do tipo “Santificai o vosso nome” ou “se o meu povo, que se chama pelo meu Nome” para dizer que aqueles que não estão pronunciando o nome verdadeiro e hebraico da Divindade  estariam cometendo pecado, o que não é verdade. Na Bíblia, chamar e invocar o nome de Deus não quer dizer necessariamente que a pessoa tem que pronunciar audivelmente o nome principal de Deus. Observe as três orações feitas por Jesus, o Filho de Deus. No Getsêmani, “ Meu Pai, se não é possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça a tua vontade” Mateus 26:42.   Na oração sacerdotal, “Pai, é chegada à hora; glorifica o teu Filho, para o Filho glorifique a ti” João 17:1  Na oração modelo: “Pai nosso que estais no céu, santificado seja o tem nome” Mateus 6:9.  Veja, embora haja menção da importância de santificar o nome do Pai na oração do “Pai nosso” em nenhum momento da oração Jesus pronúncia o nome da Majestade, isto é, o Filho de Deus não o chama nem de Yaué e nem de Yavé. A Majestade é chamada por um de seus nomes especiais: Pai. Outra coisa a considerar é o fato de Jesus não mencionar o nome da Divindade em hebraico em nenhuma dessas orações.  Teria Jesus errado em não falar o nome verdadeiro do Pai em sua oração? Estaria Jesus agindo com desrespeito, fazendo orações sem pronunciar o Nome Santo?

Assim, creio que é importante estudar os originais para saber qual era a pronúncia correta do nome principal da Majestade. Conhecimento sempre é bom. No entanto, é um erro tremendo dizer que Deus só pode ser chamado e invocado quando se pronúncia seu nome principal em hebraico. Ninguém tem a verdade absoluta sobre isso! Outra coisa, Jesus mesmo ensinou que o nome do Eterno também pode ser santificado quando nos dirigimos a Divindade chamando-o de Pai que no caso também é um de seus nomes. A própria tradução do nome Santo “YHVH”  Eu sou o que sou” já dá pista que o Eterno pode ser o que ele quiser, Pode ser Elohin (Supremo Deus) ,pode ser Adonay ( Senhor dos senhores) pode ser El-Shadday (Deus todo poderoso) Pode ser Elion (Altíssimo), pode ser Kadosh Israel ( Santo de Israel) , pode ser também Pai (termo que quando se refere ao Altíssimo possui uma semântica diferente de progenitor).  É bom que os “eruditos” de plantão, parem de atormentar os leigos com essa história de que o nome do Eterno só é invocado quando se pronuncia o nome original de Deus. A santificação do nome de Deus se dá pela forma respeitosa de andar em sua presença com temor e tremor e isso não se dá somente quando nos dirigimos a Deus falando seu nome principal.

 

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