quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

O DIA DE SÁBADO PERDEU A SANTIDADE ? Parte II

A palavra santificar vem de “separar”, separar algo como especial ou diferente daquilo que é comum. Considerar uma coisa santa como comum é cometer o pecado de profanação.

Na criação do mundo, muito antes de existir judeus ou qualquer outra religião, Deus Santificou o dia sétimo e o chamou de sábado que quer dizer descanso. Gênesis 2:1-3. Essa santificação foi confirmada no quarto mandamento da lei eterna de Deus Êxodo 20:8-11.

No entanto, a maioria dos cristãos da atualidade diz que a santidade do sábado foi retirada pelo fato dos cristãos não estarem mais vivendo no tempo da lei e nem sob a obrigação da antiga aliança, mas vivendo no tempo da graça.

Se desde a criação do mundo, o Sábado era considerado Santo, que foi guardado pelos profetas, apóstolos e inclusive por Jesus,  o que aconteceu no novo testamento que confundiu tanto os cristãos quanto a santidade do sábado?

Até o livro de Atos capítulo 10 todas aquelas conversões que acontecia no novo testamento eram de Judeus. Cornélio foi a primeira pessoa que não era judeu a se converter na fé de Jesus Cristo. A grande maioria da Igreja era israelita, a Bíblia fala que dezenas de milhares até dos que eram zelosos da lei se convertiam Atos 21:17-21. A forma de interpretar as escrituras (até em tão só existiam os livros do velho testamento) era sob o olhar do judaísmo. Com a morte dos apóstolos, que eram israelitas, e com a perseguição dos judeus pelo império romano, pouco a pouco a influência judaica foi sumindo da Igreja e em seu lugar foi crescendo a influência de crentes convertidos do paganismo. Já no século III aconteceu o contrário que tinha acontecido no primeiro século, a grande maioria da liderança da Igreja era de homens que vieram do paganismo, isto é, carregava forte influência das filosofias gregas e latinas. Surge então uma nova forma de interpretar as escrituras. A leitura dos profetas e das cartas de Paulo, principalmente, são compreendidas e interpretadas, não como os judeus interpretavam lá no primeiro século, comparando todo o contexto das escrituras, mas são interpretadas puramente sob influência da intelectualidade humana. 

Essa liderança de cristãos que vieram do paganismo e que assumiram a antiga liderança de israelitas começou a buscar pretextos e desvirtuar as escrituras para apoiar a entrada de algumas doutrinas que eram pagãs e que iriam entrar pouco a pouco na igreja. Atos 20:29,30 II Tessalonicenses 2:1-4  Os profetas já tinham profetizado o surgimento de uma apostasia no meio da Igreja.

Os pagãos (pessoas que não criam no Deus de Israel) separavam o primeiro dia da semana, o domingo, para adorar o deus sol. Muitos desses pagãos se converteram a Jesus. E para continuar guardando o domingo mesmo no cristianismo e excluir qualquer semelhança com o judaísmo, foi proibido pela igreja e pelos imperadores de “judaizar” guardar o sábado. As cartas de Paulo em que ele fala sobre o fim da lei provisória e sobre o fim da antiga aliança feita com os israelitas no antigo testamento são colocadas como base de apoio para confirmar a transferência de santidade do sétimo dia (Sábado) para o primeiro dia (domingo).

Porém, esse raciocínio só mostra o quanto que a falta de conhecimento sobre a cultura do antigo testamento pode levar a extrapolações.

Por exemplo, as pessoas sempre confundem o sábado do sétimo dia que pertencia à lei eterna com o sábado que pertencia à lei provisória de Deus. O primeiro sábado, santificado na criação do mundo, como já dissemos, seria guardado por Adão mesmo se não tivesse entrado o pecado no mundo, o segundo sábado, santificado na época de Moisés, só foi apresentado por causa dos pecados, isto é, era uma lei provisória que seria dada até o Filho de Deus expiar os pecados do povo.

No dia dez do mês sétimo do calendário judaico, por exemplo, uma data fixa, uma vez ao ano, uma data que poderia oscilar e cair em diversos dias da semana, terça-feira, quinta-feira, por exemplo, acontecia um feriado chamado de dia da expiação. Esse feriado era chamado de sábado. Sábado porque como a palavra sábado quer dizer “descanso” e esses feriados eram dias de descanso, chamavam esses dias de “sábado”. Levítico 23:26:32. Mas esses sábados não eram os sábados semanais ou sábados do sétimo dia, eram sábados anuais que acontecia em qualquer dia da semana.  

E por causa do pecado, esses sábados, no antigo testamento, estavam associados à lei do sacerdócio levítico que tem a ver com sacrifício, derramamento de sangue de animais e com o templo de Jerusalém.

Jesus é o cumprimento do que figurava toda essa lei. Ele veio e fez expiação pelo pecado em nome de seu Deus. Nele temos o perdão dos pecados. E se é nele, então não precisamos mais da lei que é provisória e que foi dada até o tempo da correção. Esse é o sábado e a lei que foi abolido. Não tem nada a ver com o sábado do sétimo dia. Hebreus 9 e 10

Quando Paulo diz que ninguém deve nos julgar pelos dias e festas, pelas luas novas ou pelos sábados uma vez que tudo isso seria o corpo de Cristo, ele está querendo dizer que na nova aliança, estamos desobrigados de guardar as ordenanças sacrificais que se deveria fazer nesses dias no templo Colossenses 2:16,17 “Então Salomão ofereceu holocaustos ao Senhor, sobre o altar..isto conforme as ordenanças de cada dia: nos sábados, nas festas da Lua nova, e nas festas fixas: Pães Asmos, festa das semanas,  Festas dos Tabernáculos” II Crônica 8:12-13. Não eram os dias que representavam figuradamente o corpo de cristo, mas os holocaustos feitos nesses dias. Mediante a entrega do corpo de Jesus findam os sacrifícios e as leis relacionadas ao sacerdócio levítico. Ou seja, ninguém podia julgar os irmãos cristãos por não fazerem holocaustos nos dias chamados santos: Sábado do sétimo dia, sábados anuais e nas festas de lua nova.  Paulo não está dizendo que o sábado do sétimo dia foi abolido nesse texto!

O fato de terem feito sacrifícios e holocaustos também no sábado do sétimo dia, não indica que esse dia fazia parte da lei provisória, pois como já dissemos esse dia foi santificado antes de entrar o pecado no mundo, isto é, não foi uma lei criado por causa do pecado como os outros sábados cerimoniais.  

Infelizmente a teologia do século III não entendia isso e como conseqüência surgiram doutrinas muito estranhas como a Domingo como o novo dia do Senhor em lugar do Sábado.

Além do mais, quando as pessoas que não eram judias foram aceitos na Igreja, os apóstolos disseram que não precisava lhes ensinar muitas coisas, somente as básicas, pois o povo já sabia o que era ensinado sobre Moises nos sábados e nas sinagogas desde os tempos antigos Atos 15:19-20. Ou seja, não precisava falar que o sábado era o dia do Senhor para os irmãos gentios que estavam vindo, pois eles já sabiam pela influência que as sinagogas judaicas exerciam em todas cidades do contexto dos apóstolos.

Isso é bem entendido quando comparamos com o tema circuncisão. O tema circuncisão é bem falado em todo novo testamento por causa da polêmica que surgiu com esse assunto. O circuncidar ou não as pessoas que não eram israelitas provocou vários posicionamentos sobre o assunto inclusive os de Paulo. Por outro lado, salvo nas controvérsias de curar ou não no sábado apresentados nos evangelhos,   não acontece nada de novo com o tema Sábado,  por isso não havia necessidade de se enfatizar esse tema. Se na época dos apóstolos alguém tivesse dito que o sábado não era mais santo aí iria se levantar algumas discussões e os apóstolos seriam obrigados a se posicionarem como aconteceu com o tema circuncisão e a não obrigação de ser guardar as leis provisórias. Esse é o motivo de não se enfatizar o tema sábado no novo testamento, isto é, não havia muitas polêmicas relacionadas a ele e todos sabiam que ele era um dia santo.

A prova maior é o Apóstolo João, no último livro do novo testamento, Apocalipse, dizer que recebeu as visões de Deus no dia do Senhor Apocalipse 1:10.  Qual dia foi separado para Deus desde a criação do mundo?  

Desse modo, todos os que dizem hoje que o sábado foi abolido com base em textos desconexos de Paulo estão seguindo a liderança romana que surgiu na Igreja. Enquanto todos os que dizem que o Sábado ainda é santo e ainda é o mandamento de Deus estão seguindo o exemplo de seus antepassados espirituais que assim o fizeram.  Não faz sentido dizer que está seguindo o mesmo Deus de Israel, o Deus dos profetas, o Deus dos apóstolos e o Deus do Messias e ao mesmo tempo profanar o dia de Deus.

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