sexta-feira, 16 de novembro de 2018

DEUS, O PAI




  1)    Segundo a Bíblia o mundo e tudo que existe nesse universo passaram a existir a partir de alguma explosão?  Atos 14.15; 17.26

 R. O livro de Gênesis relata que a Majestade criou todas as condições para que esse planeta tivesse vida e fosse habitado por pessoas. Em um primeiro momento criou o sol, a lua as estrelas. Também criou o ar que respiramos, a terra, as águas.  Em seguida criou toda espécie de vegetação e plantas e todas as espécies de animais. A família humana, homem e mulher, foi a coroa da criação. E partir dessa família todo o planeta foi povoado, Bendito seja Ele!  

  2)  Como Deus é chamado na Bíblia? Êxodo 4.5, Hebreus 8.1, Lucas 1.32, Jó 8.3, João 17.25

  R. No contexto do antigo testamento o povo judeu, por medo de tomar o nome de Deus em vão, deixou de pronunciar o nome próprio do nosso Pai celestial. Com o tempo a pronúncia exata do nome Dele foi esquecida. Mas há outros nomes e títulos que podemos invocá-Lo. Deus de Abraão, Isaque e Jacó, Deus de Israel, Deus todo-poderoso. Altíssimo, Majestade e Pai. Vale ressaltar que um nome muito adequado para se referir ao Deus de Abrão, Isaque e Jacó é o nome “Eterno”, pois nenhum ser no universo pode ser “Eterno” senão a Majestade.

 3)   Onde Deus vive? Mateus 5.34

  R. Nos céus.

 4)   A presença de Deus está limitada ao céu? Salmos 139.7

  R.  Pelo seu Espírito o Pai faz com que sua presença seja sentida e percebida em todo mundo.  Ele não precisa descer aqui pessoalmente para vivenciar o que acontece no planeta.


       5)    Algum ser no universo pode ser igualado a Deus em termos de poder , glória e honra? Salmos 89.6-8, Atos 17.25

  R. Na cultura pagã um deus podia ter aparência e desejos próprios dos seres humanos. Também havia deuses inferiores e subordinados a outros deuses mais fortes. Já a teologia genuína da Bíblia é totalmente diferente. O Deus de Israel, a Majestade, o nosso Pai celestial é um ser infinitamente superior a qualquer outro ser.  Todos os seres no Universo esperam Dele o amor, a sabedoria, a vida, a paz, o poder e tudo mais, tudo parte Dele para os outros seres e nunca o contrário.

  6)    Qual é a relação de Deus com os governos dos mundos , com as pessoas e com toda a criação?  Daniel 2.20,21, João 19.10,11, Lucas 12. 6,7

  R. Todas as coisas nesse mundo dependem da permissão do nosso Pai celestial. A queda ou ascensão de um governo.  A vida de uma pessoa.  Os astros no céu, a natureza com a flora e todas as  espécies de seres vivos, tudo, tudo e todos estão dependendo do olhar gracioso desse Deus Eterno. Ou seja, o Altíssimo não só criou todas as coisas como também como as mantém com o seu poder.

   7)   Como Deus é definido na Bíblia ? I João 4.8 /Hebreus 12.29

  R.  O Deus de Israel é definido como “amor” ou como “fogo consumidor”, isto é, Deus é misericórdia, bondade e salvação para àqueles que o temem, e severo, justo e punitivo para quem comete impiedade e rejeita sua bondade.

   8)   Como Deus fala conosco? Romanos 1.20 / II Timóteo 3.16,17

  R.  Não tem como uma pessoa contemplar a natureza e a complexidade da vida em seus diferentes aspectos, microscópico (mundo das células) e macroscópico (mundo dos astros nos céus)  e não concluir que há uma ser muito inteligente por trás de tudo isso! Quem estabeleceu tal sistema tão inteligente? Ou seja, Deus se revela pelas obras da criação. Outra forma que Deus se revela às pessoas é por meio das escrituras sagradas. A Bíblia revela a vontade de Deus para toda a humanidade e aperfeiçoa os indivíduos para o bem.   

   9)   O que Deus espera das pessoas?  Miquéias 6.8 / Deuteronômio 10.20

  R. Que elas se apartem dos maus caminhos. Que elas se convertam e passem a amar e a temer a Deus de coração. Quando uma pessoa teme e ama a Deus ele também guarda os seus mandamentos.

   10)   Deus tem algum representante especial ou alguém que faz mediações entre ele e seu povo? I Timóteo 2.5 / Hebreus 2.17

  R.  Jesus é o mediador, isto é, ele é o sacerdote que faz as mediações entre nós e Deus. E como ele é homem e está à direita de Deus, representa toda a família humana lá no céu. 

   Confissão de fé:

  Creio com fé verdadeira que o Eterno Deus, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, o Deus de Israel é o único Deus e que fora dele não há outro. Creio que o Altíssimo, Bendito seja Ele! É inigualável e infinitamente superior a qualquer outro ser no universo. Creio que o temor de Deus é o princípio da sabedoria e por isso espero adequar a minha vida à vontade Dele que é Exaltado para sempre!


quarta-feira, 12 de julho de 2017

DEUS: A VERDADEIRA TEOLOGIA

Nota: O termo "Deus" significa "ser superior que é digno de culto e prestação de serviços. Na antiguidade havia dois tipos de interpretação da divindade. As nações consideradas pagãs acreditavam que mais de uma pessoa podia ser "deus" , teoria politeísta. Já o povo de Israel acreditava que "Deus" era uma só pessoa, o Pai, teoria monoteísta. Após a morte dos apóstolos surgiu outra forma de interpretar a divindade. Eles não acreditavam que havia mais de um deus como os pagãos criam, porém não acreditava que Deus era uma só pessoa como acreditavam o povo de Israel. Um Deus agora são três pessoas distintas (santíssima trindade). Essa última crença é a crença predominantemente aceita na maioria das igrejas cristãs da atualidade. 

Por isso, diante de tantas interpretações da divindade é importante entender bem esse tema para não cairmos em equívocos doutrinários.   

1)   O que uma pessoa tem que fazer para não interpretar a divindade de forma equivocada?  João 17:3

R.  Conhecer o nosso Deus de fato. Quem conhece a Divindade segundo a teologia verdadeira, mesmo que ele leia um verso Bíblico controverso, ele não terá dúvida, pois sua interpretação da divindade está baseada em todo o contexto Bíblico e cultural do povo de Deus e não em um verso isolado e desconexo.  

Na cultura pagã podia haver uma hierarquia entre os deuses, por exemplo, Zeus era o "deus" maior e havia outros deuses menores com menor autoridade. Havia também semi-deus que era um tipo homem-deus (Hércules). Também uma marca da cultura pagã era a representação da divindade por meio de obras de arte (escultura ou desenho). 

Ou seja, precisamos conhecer a Deus para não seguirmos interpretações que partem de princípios pagãos e não de princípios do povo de Israel. 


2)   E como podemos conhecer a Deus? Romanos 1:19,20/Hebreus 1:1,2

R. Pela natureza, pelos profetas (Escritura) e pela revelação de Deus na pessoa de Jesus Cristo (Evangelho). 

Nota: Tanto o poder quanto o caráter de Deus é revelado na pessoa de Jesus Cristo. Hoje em dia muitas igrejas pregam tantas doutrinas sobre Deus que se você analisar bem nas escrituras Jesus nunca as ensinou. 

3)   Na Bíblia Deus é glorificado como o que?  Apocalipse 4:11, At 17:25, Mt 19:4

R. a) Criador do céu , da terra e do mar  b) criador de todas as espécies de vida inclusive de todos os animais c) Criador de todos os seres humanos.

O Pai é glorificado de muitas formas e de muitas maneiras, mas a Glória de Criador de todos e de tudo deve única e exclusiva dele! 

4)   Esse Deus tem algum nome? Êxodo 3:13,14

R:   O nome de Deus é representado por 4 consoantes ( YHVH) que significa “Eu sou o que sou”. E embora muitos juram de pé junto que sabem e conhecem a pronuncia exata do nome de Deus , na verdade não há nada de concreto sobre essa questão do nome, pois os próprios eruditos que conhecem o hebraico nunca dão uma posição definitiva, em vez disso apresentam possíveis pronuncias.  E sabemos que em matéria de língua estrangeira a pronúncia errada de apenas um som já muda o nome. Desse modo, pode se dizer que o nome verdadeiro de Deus ficou guardado pelo povo judeu que guarda a sete chaves a verdadeira pronúncia. Outra coisa, quem diz que o nome de Deus é "Jeová" está tão fora quanto aqueles que dizem que uma pessoa que se chama "João"  no Brasil deve ser chamado de "Juan" em um país de língua espanhola. 

5)   Só podemos chamar o nosso Deus pelo seu nome próprio?  Êxodo 3:13,14 / Lucas 1:68 / Mateus 6:9

R. Não.  a) Podemos chamá-lo de Deus de Abraão, Isaque e Jacó. b) Deus de Israel  c) Pai. Além disso, Deus também é chamado de "Eterno", "Altíssimo", "Majestade" "Hashem" "Adonai" e por aí vai...

Jesus, nosso Mestre, nos ensinou que podemos nos dirigir ao nosso Deus chamando-o de "Pai". 

6)   Onde Deus habita? Apocalipse 4:2,3 / Mateus 5:34

R. No céu

7)   Deus está limitado a um lugar no espaço? Salmos 139:7,9
     
R. Não, a presença de Deus pode ser sentida e manifestada em todos os lugares ao mesmo tempo por meio de seu Espírito. 


8)   Na teologia verdadeira o Deus de Israel pode ser homem e Deus ao mesmo tempo? Oséias 11:9 / Atos 14:11-15

R. Dentro da teologia verdadeira o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, o Deus de Israel jamais pode ser homem e Deus ao mesmo tempo. São pontos que não se harmonizam e não se fundem. Se for homem não pode ser Deus e se for Deus não pode ser homem. E diferentemente da cultura pagã cujos deuses eram bem humanizados, na cultura do povo de Deus chamar Deus de homem é uma grandíssima aberração teológica, pois rebaixa a glória da Divindade que é inigualável. 

9)            Há alguma pessoa no universo que pode ser comparada com o nosso Pai celestial? Salmos 89:6,7

R. Detalhe, nesse verso a palavra "Senhor" se refere ao nome do Pai nos originais, assim o leitor pode substituir a palavra "Senhor" por "Pai " que o texto não perderá o sentido. "Pois quem nos céus é comparável ao Pai? Entre os seres celestiais quem é semelhante ao Pai? " No céu há muitos seres, anjos, serafins, querubins, arcanjos, mas ninguém pode se comparar com nosso Pai celestial, a Majestade. O próprio significado da palavra "Deus", dentro da teologia verdadeira é : "Soberano, altíssimo, absolutíssimo, aquele que está acima de tudo e de todos." Os pagãos até podem acreditar na possibilidade de dois deuses estarem no mesmo patamar e na mesma posição, porém a crença verdadeira não aceita a ideia de outro ser ou qualquer outra pessoa se igualando ao Pai em termos de Poder e Glória. 

10) Alguém exaltou o nosso Deus para a posição que ele ocupa? Atos 17:24,25

R. Não. Ele sempre foi o Soberano e o todo poderosíssimo. Toda exaltação e glorificação ou qualquer outra coisa partiu dele para os outros e não ao contrário. Não se exalta ou se glorifica um Deus, pois isso seria incoerente com o termo "ser superior" ou com o termo "todo poderoso." Pelo menos na teologia verdadeira, como já dissemos entre os pagãos havia "deus" que exaltava outros "deuses."

11) No antigo testamento os sacerdotes prestavam serviços de intercessão diante de Deus em favor do povo. E hoje em dia? Quem presta serviço para Deus em favor do povo de Deus?  I Tm 2:5 / Hb 7:15-26 /Hb 8:1,2,6

R. Jesus é o sacerdote de Deus que presta serviços de intercessão perante Deus ao nosso favor. Isso quer dizer que as nossas orações, pedidos e ações de graças são aceitos por Deus por meio Dele. 

A função de Sacerdote é muita exaltada, já que um sacerdote mantém contato direto com a Divindade, algo que não é para qualquer um. 







sábado, 17 de setembro de 2016

OS PROFETAS FALARAM SOBRE REINO MESSIÂNICO NO CÉU?

Reino messiânico é o nome dado ao reino cujo Messias, ungido no hebraico ou Cristo no grego, reinará a partir do trono de Davi para trazer a paz e a restauração de Israel. Essa doutrina milenar foi ensinada por todos os profetas e sábios do antigo testamento. Para falar a verdade até hoje o povo judeu canta e prega a volta do Messias (Machiah). Como sabemos os judeus não creem que Jesus é o Messias mencionado na Bíblia. Mas a questão aqui é outra. Hoje a maioria das igrejas cristãs e evangélicas também acredita no reino messiânico embora não se use exatamente esse termo.  O fato é que para os cristãos de hoje o reino messiânico se dará no céu e não na terra. Considerando que os israelitas e profetas (Isaías, Zacarias, Daniel, Ezequiel) nunca falaram e nunca creram em nenhum ensino que diz que o Messias irá reinar no céu, isso quer dizer que o Filho de Deus veio contradizer os profetas antigos e trazer uma nova doutrina?

Há muitas razões que fazem os cristãos tropeçarem nesse tema, mas a razão principal é a falta de percepção quanto às duas fases do reino de Deus.  A primeira fase do reino é chamada de Messiânica justamente porque o Messias será o intermediário entre Deus e os homens na condução do reino. Já na segunda fase do reino de Deus o Pai reinará diretamente sem intermediário, uma vez que seu trono estará aqui na terra.

 “Então virá o fim quando ele entregar o reino ao Deus e Pai...porque convêm que Ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés. O último inimigo a ser destruído é a morte...Quando todas as coisas estiverem sujeitas, então o próprio Filho também se sujeitará Aquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos” I Coríntios 15:24-28.

Depois que Jesus reinar e vencer todos os inimigos de Deus, sujeitando-os, o próprio Filho se sujeitará ao Pai. O que isso quer dizer? Quer dizer que durante o reino de Cristo o Pai não atuará diretamente. O Pai usará seu filho para governar. E depois que Jesus terminar o seu reinado que segundo o Apocalipse é de mil anos (Apocalipse 20:6) ele devolverá o reino a Seu Pai. Isso se dará exatamente com a descida do Trono da Majestade para a Terra. Detalhe, assim que a Cidade Santa descer, daí em diante, não haverá mais nenhuma morte (até a descida da cidade santa ainda haverá morte no planeta, por exemplo, as nações que se rebelarão contra Deus serão mortas com fogo e enxofre, Apocalipse 20:8,9, algumas pessoas irão ressuscitar para serem julgadas e mortas também no lago de fogo e a própria morte, que é o último inimigo de Deus,  também será eliminada e lançada no lago de fogo e enxofre (Apocalipse 20:13-14). E somente depois que Cristo vencer todos os conflitos e somente depois que a morte for eliminada por completo é que a Cidade Santa desce. Perceba que há uma sequencia desses acontecimentos no Apocalipse, o capítulo 20, a partir do verso 7, fala de acontecimentos que antecedem a vinda da Nova Jerusalém cujo relato está somente no capítulo 21.  “E Deus enxugará dos olhos toda a lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram”. Assim, o Messias, Jesus, terá a incumbência de construir um novo céu e uma nova terra. Essa obra começará com sua segunda vinda e terminará mil anos depois. Quando o trono da Majestade descer e o Altíssimo for habitar aqui, o novo céu estará concluído juntamente com a nova terra. Se a pessoa não partir desse princípio ela não interpretará corretamente esse tema.

Eu, porém, constitui o meu Rei sobre o meu santo monte Sião. Proclamarei o decreto do Eterno Deus. Tu és o meu Filho, eu, hoje, te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua possessão. Com vara de ferro as regerás e as despedaçarás como um vaso de oleiro”. (Salmos 2:6-9).

Muitas pessoas ao lerem os versos acima dirão que o reinado mencionado acima faz referencia a segunda fase do reino de Deus, isto é, do reino em algum momento posterior a descida da Cidade Santa, uma vez que o texto acima fala de um rei governando a terra e como para muitos o reino na terra é somente depois de um suposto reino celestial, não aceitam que o texto de Salmos esteja falando da primeira fase do reino de Deus. Eles não aceitam que o reino de Cristo será na terra. Por isso é importante também associar esses versos de Salmos ao Apocalipse e tentar perceber se o salmista está realmente falando da segunda fase do reino de Deus ou não.

“Ao vencedor, que guardar até ao fim as minhas obras, eu lhes darei autoridade sobre as nações. Com cetro de Ferro as regerá e as reduzirá a pedaços como se fossem objetos de barro” Apocalipse 2:27

Esse texto é a continuação do texto de Salmos e apresenta um acréscimo.  Aqui não é somente o Messias que reina, mas também os servos de Deus, em outras palavras, a autoridade que Jesus recebe para reinar ele repassa para os servos de Deus. Jesus e os servos de Deus irão despedaçar as nações e as reger com cetro de ferro, o que isso quer dizer? Quer dizer que Cristo e os servos de Deus irão governar com “dureza” e com muita “rigidez” as nações. Por que haverá necessidade de se governar de forma tão dura? Simples, ainda haverá um povo rebelde e mal educado durante o milênio. Afinal, você não acredita que o Jesus educado e amoroso que conhecemos seria tão duro com pessoas obedientes e educadas não?

Ou seja, esses textos, tanto o texto de Salmos quanto o texto de Apocalipse está falando do reino de Cristo em algum momento anterior a descida da Nova Jerusalém e não depois disso. Em outras palavras, o reino messiânico ou reino de Cristo será na terra e não no céu como muitos pensam. O fato é que a segunda fase do reino de Deus, depois da descida da Nova Jerusalém, nem Jesus e nem o santos precisará reinar ou "despedaçar" nenhuma nação. As nações insatisfeitas e inquietas serão provadas quando satanás for solto e consequentemente morrerão com o fogo e enxofre vindo do céu. Para o novo céu e nova terra só sobrará nações educadas e obedientes. Assim, é um erro muito grande pegar esses versos e porque eles falam do reino sobre as nações, forçar a interpretação para depois do milênio.  

“Bem aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição, sobre esses a segunda morte não tem autoridade, pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com eles mil anos Apocalipse 20:6.

Como uma pessoa que está “contaminada” com o falso ensino de um reino messiânico celestial interpreta essa passagem? “Vamos reinar no céu”! Pensam. Estão tão cegos e encantados com a possibilidade de ir para o terceiro céu que não pensam que é impossível reinar no céu! Por que ? Quando falamos em reinar temos que levar em conta a relação entre “quem reina” e “quem é reinado por alguém”, reis e súditos. Ser formos realmente reinar no céu, iremos reinar sobre quem? Sobre os anjos? Servos de Deus reinando sobre servos de Deus? Claro que não. A Bíblia é clara, iremos reinar sobre as nações.

Muitas pessoas pegam algumas passagens de juízos de Deus sobre as nações para quererem dizer que Deus vai destruir todos os povos e não deixar nenhuma nação na terra, o que não é bem assim. Realmente as profecias falam que as nações que representam o governo da besta irão ser mortas quando Cristo voltar. Porém nem todas as nações pertencem ao reino da Besta! Isso é fato! Por exemplo, as nações Árabes não tem nada a ver com o reino da Besta. Outra coisa, a profecia também diz que haverá juízos sobre algumas nações que guerrearão contra Jerusalém um pouco antes da vinda do Messias (Zacarias 14:1) Mas a Bíblia também diz que dessas nações ele deixará um remanescente. “Todos que restarem de todas as nações que vierem contra Jerusalém subirão de ano em ano para adorar o Rei, o Eterno dos Exércitos” (Zacarias 14:14). O profeta Zacarias está falando do reino vindouro e ele diz que haverá um resto de todas as nações que restarão na terra. Infelizmente as pessoas não levam em conta essas passagens na hora de interpretar o “reino messiânico” no céu e acabam caindo em engôdos.

“Lançou o dragão no abismo, fechou-o e pôs selo sobre ele para que ele não mais enganasse  as nações até se completarem os mil anos. Depois disso ele será solto por um pouco de tempo” Apocalipse 20:3

A conjunção subordinada “para” indica finalidade para aquilo que fora dito anteriormente. Então, de acordo com esse verso, para que o Diabo será preso? Qual é a finalidade da prisão de Satanás? O texto é claro em dizer que o Diabo será preso justamente para ele não enganar as nações! Engraçado, algumas pessoas interpretam o contrário disso. Dizem que satanás será preso justamente por que não haverá mais nação. Precisam reforçar as aulas de interpretação textual, pois o texto é claro, sugere que haverá nações durante o milênio e que essas mesmas nações serão enganadas por satanás no fim dos mil anos.

“Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo Deus, o Eterno, Ele lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim” Lucas 1:32

Essa passagem é uma plena confirmação de tudo o que os profetas antigos disseram, porém os crentes de hoje deturpam o sentido. Veja dois pontos importantes. Primeiro diz que Jesus irá reinar sobre a casa de Jacó. Reinar sobre a casa de Jacó no céu não tem cabimento! Segundo, diz o texto que o trono de Cristo é o trono de Davi. Falar que o trono de Davi também é no céu deve fazer os profetas Isaías, Ezequiel, Jeremias se revirarem no túmulo de tanto espanto!  Onde ficou e onde ficará o trono de Davi ou o trono do Messias?

Jerusalém, que está construída como cidade compacta, para onde sobem as tribos do Eterno...lá estão os tronos de justiça e os tronos da casa de Davi” Salmos 122:3-5

O trono de Davi é em Jerusalém e não no céu! Não se pode confundir! Jesus vai sentar em seu trono na Jerusalém restaurada. Não se pode também confundir o trono de Davi que está em Jerusalém com o trono do Pai que está na Nova Jerusalém. Veja a diferença.

“Ao vencedor, eu darei a oportunidade de sentar comigo no meu trono, assim como eu venci e sentei com meu Pai no seu trono” Apocalipse 3:21

Jesus venceu e sentou no trono de seu Pai, e onde fica o trono do Pai? No céu! Os filhos de Deus que vencerem irão sentar no trono de Cristo, e onde ficará o trono de Cristo? Também no céu? Não! O Trono de Cristo, trono de Davi, ficará na terra! Claro, a nova Jerusalém também terá o trono do Cordeiro, porém isso é para depois dos mil anos. Durante o milênio o trono do cordeiro estará ainda na terra. 


“Marcharam então pela superfície da terra e sitiaram o acampamento dos santos e a cidade amada, desceu porém fogo do céu e os consumiu” Apocalipse 20:9


Alguns grupos religiosos interpretam esse termo “cidade amada” como sendo a Nova Jerusalém, o que não é verdade. No contexto desse verso as nações ainda não foram mortas. Satanás e seus anjos ainda não foram lançados no lago de fogo. Ainda não aconteceu o juízo final e a morte ainda não foi lançada no lago de fogo. Ou seja, a cidade amada aí é a Jerusalém terrena que fora restaurada por ocasião da segunda vinda de Cristo. Como já dissemos, a nova Jerusalém só desce depois que todos os inimigos de Deus forem vencidos! Além do mais, é muita falta de atenção em não perceber que a descida da cidade celestial está somente no capítulo seguinte, o 21, há sequencia nas ações...

“Então, os que estavam reunidos lhe perguntaram: Senhor, será este o tempo em que restaurarás o reino a Israel? Atos 1:6

Não podemos falar do reino messiânico sem mencionar a restauração de Israel. A profecia referente à restauração de Israel desmente o ensino de um reino messiânico no céu. Restaurar Israel no céu também não dá né? Seria ir muito além do que os profetas disseram! Assim que Jesus voltar ele restabelece a cidade de Jerusalém como a capital do novo mundo. E isso é Bíblico e os  “embriagados” por ensinos errôneos não conseguem perceber isso.  Profecias claras não são levadas em conta pelo simples fato dessas profecias não se harmonizarem com as crenças deles.

“Eis que vêm dias, diz o Eterno, em que cumprirei a boa palavra que proferi à casa de Israel e à casa de Judá. Naqueles tempos farei brotar a Davi um renovo de Justiça , ele executará juízo e justiça na terra. Naqueles dias, Judá será salvo e Jerusalém habitará seguramente, ela será chamada de Adonai Justiça Nossa.” Jeremias 33:14-16

Esse é um texto messiânico puro! Fala da primeira fase do reino de Deus. Veja, diz que o renovo de Davi reinará com justiça sobre a terra! E isso não é no contexto da nova Jerusalém! A paz retornará a Jerusalém, amém! Alelyah! Isso ninguém prega!

“Eis que tomarei os filhos de Israel de todas as nações para onde eles foram, e os congregarei de todas as partes, e os levarei para a sua própria terra. Farei deles uma só nação na terra, nos montes de Israel, e um só rei será rei sobre todos eles. Nunca mais serão duas nações, nunca mais para o futuro se dividirão em dois reinos...O meu servo Davi (Metáfora de Cristo) reinará sobre eles e todos eles terão um só pastor, andarão nos meus juízos, guardarão os meus mandamentos” Ezequiel 37:21-24

Sabemos que o reino de Israel foi dividido em duas partes. Reino do norte e reino do sul (Judá). As tribos que pertencem ao reino do norte foram espalhadas pelos quatro ventos do céu após perderam o poder para os Assírios. No entanto, há algumas  profecias que dizem que as dez tribos tornarão a se juntar em um só povo! Você entende porque alguém perguntou para Jesus sobre o tempo da restauração de Israel? Restauração de Israel é isso, a junção das tribos novamente. A capital Jerusalém se tornando o centro do mundo. E um rei reinado sobre a terra com justiça e com paz. Esse ensinamento Bíblico foi pregado por muitos anos pelos profetas e sábios de Israel. 

Será que o apostolo Paulo  também acreditava assim?

“E assim todo Israel será salvo como está escrito: Virá de Sião o Libertador e ele apartará de Jacó as impiedades. Esta é minha aliança com eles quando eu tirar os seus pecados. Quanto ao evangelho são eles inimigos por vossa causa, quanto porém a eleição são amados por causa dos patriarcas. Porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis. Porque assim como vós gentios antes eram desobedientes a Deus e hoje alcançaram a misericórdia diante da desobediência dos judeus. Assim também os gentios também se tornarão desobedientes para que igualmente os judeus alcancem misericórdia à vista da que foi concedida a vocês. Porque Deus encerrou a todos, Judeus e gentios, na desobediência a fim de usar de misericórdia para com todos” Romanos 11:26-32

Paulo acreditava exatamente como nós! Que haverá restauração de Israel com a volta do Messias (Cristo) Jesus. Muitos alegam que isso é impossível, já que os judeus rejeitaram o evangelho que é a única forma de salvação. Porém preste atenção no texto de Paulo e perceba que a libertação de Israel é para o momento em que o Libertador surgir. Em outras palavras, qualquer um que hoje rejeitar o evangelho de Deus está perdido. No entanto, há uma profecia especifica para a volta do Messias. Nessa profecia os pecados de Israel são perdoados por Deus e eles serão aceitos novamente. Pode ser que algum “crente” ache isso uma injustiça, porém veja o que Paulo falou? Ele diz que quanto ao evangelho os israelitas são “inimigos”, só que segundo eleição dos patriarcas (Abraão, Isaque e Jacó) são eleitos e amados. Ou seja, há nas profecias a promessa de reconciliação e crente nenhum pode apagar isso, já que Aquele que disse não volta atrás jamais! Além disso, o mesmo texto de Paulo fala que Deus encerrou judeus e gentios (Igreja) na desobediência para usar de misericórdia para com os dois grupos (Romanos 11:32). Ninguém está em situação melhor, todos precisam da misericórdia. Os judeus rejeitaram a Cristo, contudo a igreja composta por gentios criou um evangelho que não é o evangelho genuíno dos apóstolos do primeiro século.

“O Eterno Deus salvará primeiramente as tendas de Judá para que a glória da casa de Davi e a glória dos habitantes de Jerusalém não sejam exaltados acima de Judá...E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o espírito de graça e de súplicas, olharão para aquele a quem transpassaram e pranteá-lo-ão como quem pranteia por um unigênito e chorarão por ele como se chora amargamente pelo primogênito. Naquele dia será grande o pranto em Jerusalém” Zacarias 12:10-11

Quem é esse na profecia que foi transpassado? Por que os judeus estão olhando para ele e chorando arrependidos? Que espírito de graça e de súplica é esse que Deus vai derramar sobre os judeus? Como já falamos aqui, pena que a maioria não leem as profecias! Essa profecia fala exatamente do momento da conversão em massa da casa de Davi, ou seja, dos judeus. Eles irão se arrepender somente após a vinda de Cristo!

“mas a pedra que feriu a estátua se tornou uma grande montanha que encheu toda a terra...Mas nos dias desses reis o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído, este reino não passará a outro povo, esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre” Daniel 2:35,44

Primeiro diz que a pedra fere a estátua nos pés e destrói toda a estátua. Essa pedra pode ser interpretada como a volta do Messias, Jesus Cristo. Depois o texto diz que a pedra se torna uma grande montanha que enche toda a terra. Qual é a explicação para a montanha enchendo a terra? O verso 44 explica, diz que um reino eterno se instaurará por aqui e derrubará todo sistema de governo desse mundo. Perceba, o texto não diz que a pedra bate nos pés da estátua e volta para o céu. O texto diz que imediatamente após a pedra bater nos pés da estátua cria-se uma montanha na terra. Ou seja, Jesus volta e logo restaura Israel. Jesus volta e logo toma o poder dos reinos desses mundos. Nesse texto não há lugar para interpretação de reino messiânico no céu!

“O reino, o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados  ao povo do santo do Altíssimo e o reino deles será reino eterno e todos os domínios lhes servirão lhes obedecerão.” Daniel 7:27

Esse texto de Daniel está em perfeita harmonia com que lemos aqui nos Salmos, no Apocalipse e no próprio livro de Daniel onde o reino é representado pela montanha cobrindo toda a terra. Cristo e seu povo, incluindo os judeus que se salvarão no final, reinarão, onde? No céu? Não, na terra! Sobre quem? Sobre as nações que restarão na terra. Prestem atenção, o texto acima está claro. Os reinos que estão debaixo do céu serão dados para os servos de Deus. Essas nações servirão e obedecerão aos servos de Deus. Não está claro? É só questão de ler com atenção! Jesus volta e o reino dos mundos perdem a capacidade de governar e se tornam submissos aos filhos de Deus, entendeu? Interpretar isso para depois do milênio é atropelar todo um contexto Bíblico. 

E mais? Essas nações serão povos salvos? Não, porque a Bíblia diz que elas serão castigadas e viverão sob um governo regido com mãos de ferro. O que acontecerá com essas nações após o milênio? As nações que não forem enganadas por satanás no fim do milênio viverão a eternidade no reino de Deus, porém serão sempre nações submissas à Cristo e aos servos de Cristo. Também esses povos não terão corpos glorificados, isto é, não terão corpos celestiais como os salvos em Cristo e por isso precisarão de alguns remédios naturais “No meio da sua praça, de uma a outra margem do rio, está a árvore da vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvore são para a cura dos povos” Apocalipse 22:2. Que povo precisará de plantas para ser curados? O povo santo de Deus que ganharam corpos celestiais semelhantes aos corpo glorificado de Jesus? Não, quem precisará de plantas para ser curados serão os povos, as nações súditas do reino e não os salvos. 

Desse modo, fica claro que a ideia de um reino messiânico no céu é muito estranha à Bíblia. Não tem como um Messias juntamente com seu povo reinar no céu. Esse ensino a exemplo de muitos outros se dá justamente pelo fato das pessoas desconsiderarem o que os profetas disseram sobre o tema e pela influência pagã de que as almas boas vão para um paraíso no céu. Eles pegam textos do novo testamento e não conectam esses textos ao que Isaías, Ezequiel, Daniel , Zacarias falaram. Resultado? A doutrina de que Jesus e seu povo vão reinar sete anos ou mil anos no céu! Passam por cima da restauração de Israel, passam por cima do trono de Davi, passam por cima até do próprio significado da palavra “reinar”, pois como vimos, não tem como reinar no céu. O reino Messiânico é um reino que antecede o reino direto de Deus na terra e esse reino será aqui também. O Messias restaurará Israel e por meio deles juntamente com todos os salvos trará a paz e a justiça ao mundo. Esse será um tempo, mil anos,  em que pouco a pouco a terra ganhará forma de nova terra. E depois que o nosso mundo estiver em condições de receber a Nova Jerusalém e o trono de Deus, o Messias (Cristo) se curvará ao Pai e lhe devolverá o reino que ele tinha recebido. Daí em diante Jesus e os servos de Deus serão reis auxiliares na condução do novo reino que terá o privilégio de sentir não só a presença de Deus por meio de sua glória, mas de sentir a presença de Deus diretamente aqui! Teremos o privilégio de sentir o que os anjos e serafins também sentem lá no terceiro céu, Aleluyah! Isso é profecia! Isso é Bíblico!

Se prestarmos bem atenção Jesus nunca ensinou que seu reino será no céu. Não havia novo testamento em seu contexto e Jesus cresceu lendo e ouvindo as profecias de Isaías, Zacarias, Ezequiel etc. Profecias essas que falam do ungido reinando em Jerusalém e não no céu. Pegam as palavras do Salvador e distorcem para chegar em uma doutrina totalmente bizarra do ponto de vista teológico, pois restaurar Israel e reinar no céu é o cúmulo da má interpretação.  

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domingo, 14 de agosto de 2016

DANIEL 8: PONTA PEQUENA E AS TARDES E MANHÃS

Informações prévias sobre a profecia de Daniel 8 que podem ajudar na interpretação do texto

Animal = Reino

Chifre = Rei ou dinastia 

Nota: No contexto do livro de Daniel há quatro grandes reinos sobre a terra. O primeiro, Babilônico, o segundo, Medo Persa, o terceiro, Grego e o quarto, Romano. O quarto reino seria dividido (Europa) e Jesus volta justamente na época dessa divisão. Vale lembrar que em profecia, um reino só surge quando o outro perde o domínio. Um reino não pode surgir enquanto o outro está de pé. Isso é fundamental para entender a profecia de Daniel 8.

Carneiro: Média Pérsia (2º reino sobre a terra). Peito de prata da estátua de Daniel 2
2 chifres : Dois reis, Dario e Ciro

Bode = Reino grego (3º reino sobre a terra). Ventre de bronze da estátua Daniel 2.
Chifre grande=  Rei Alexandre Magno
4 chifres  = 4 reis  (Cassandro, Lísimaco , Seleúco e Ptolomeu)

4 Ventos = 4 cantos (leste, oeste, norte e sul) que pertencem a um domínio.

Exército ou estrelas do céu = povo de Deus

 Príncipe do exército ou Príncipe dos príncipes = Sumo sacerdote (Números 3:32, Atos 23:5)

Chifre pequeno = Interpretação controversa (Alguns acham que é Roma outros acham que é um rei chamado de Antíoco Epifânio IV)

    Nesse estudo buscamos enfatizar aspecto da profecia que fala sobre o chifre pequeno, por isso a ênfase se fará a partir do verso 8 do capítulo 8.    

   E o bode se engrandeceu em grande maneira e estando em sua maior força foi quebrado seu chifre grande. E no seu lugar nasceram quatros chifres notáveis para os quatro ventos do céu” Daniel 8:8

  Os quatro ventos dos céus são interpretados como sendo os quatro pontos cardeais (leste, oeste, norte e sul). No entanto, os pontos cardeais no contexto Bíblico estão relacionados somente às regiões especificas do domínio grego. Ou seja, ao dizer que cada ponta se tornou notável para cada um dos ventos o texto quis dizer que cada rei estendeu seu domínio para um lado e para uma região dentro do domínio grego. Logo, a chave para o entender o versos seguintes é entender que o leste, o oeste, o norte e o sul fazem referência somente às regiões que pertenciam ao reino divido da Grécia. As 4 pontas não se tornaram notáveis para os quatro cantos do planeta, já que muitas regiões e civilizações ficaram fora do domínio de Selêuco, Ptolomeu, Casandro e Lísimaco.  

E de um deles saiu um chifre pequeno e se tornou muito forte para o sul, para o oriente e para a terra formosa” Daniel 8:9

  Há uma discussão para saber se o chifre nasce de um chifre ou de um vento. Contudo isso é indiferente, uma vez que nascendo no chifre ou nascendo no vento o texto estaria dizendo uma mesma coisa: Um outro chifre, além dos quatro, nasceu na cabeça do bode, isto é, um rei surgiu dentro dos domínios da Grécia. Os quatro ventos representam as 4 regiões da Grécia que estavam ao norte, ao sul, ao leste e ao oeste. Um rei nascendo do vento também pode ser interpretado como um rei surgindo, por exemplo, do lado oeste das terras que pertencia à Grécia. Portanto, a interpretação correta é que de um dos lados (ventos) e regiões que pertenciam à Grécia surgiu um rei e esse rei, tomando como referencia o lugar de onde ele saiu, estendeu seu domínio ao sul, ao oriente e para a terra formosa (Jerusalém).

A ideia de que o rei que representa o chifre pequeno nasce em uma região que pertence a Grécia exclui totalmente a interpretação do chifre pequeno como sendo Roma, já que Roma não surge de nenhuma região que pertencia à Grécia.   

Além do mais, há muitos outros motivos que impedem de ser Roma esse chifre pequeno. Primeiro, a ponta pequena surgiria no tempo do fim do reino grego (Daniel 8:23). Tempo do fim no contexto é o nome que se dá ao período que expressa os últimos anos de domínio e governo do terceiro reino (Grécia). Do ponto de vista interpretativo Roma como o quarto reino não surge no tempo do fim da Grécia. Roma só pode surgir depois da queda total da Grécia. A profecia deixa bem claro isso com a visão da estátua de Nabucodonosor onde o metal ferro (Roma) da estátua só aparece depois que o bronze (Grécia) é eliminado. Falar que as pernas de ferro aparecem enquanto o bronze ainda domina é um erro interpretativo. Perceba no contexto da profecia que para indicar o fim do segundo reino (Média Pérsia) a profecia mostra o carneiro sendo morto pelo bode. Você encontra algum indício de que o bode morre na profecia de Daniel 8 ? Claro que não! Então podemos deduzir que o chifre pequeno faz referência ao surgimento de um rei grego e não do surgimento do quarto reino que no caso é Roma.

    Segundo, dizer que o chifre pequeno de Daniel 8 é Roma é uma forma de demonstrar total falta de atenção no que acontece no contexto da profecia. Os dois chifres na cabeça do carneiro representam um reino universal ou dois reis ? O chifre grande na cabeça do bode representa um reino universal  ou um rei ? Os quatro chifres que estavam na cabeça do bode representam um reino ou quatro reis? Nessa profecia um chifre é sempre um rei ou uma dinastia e não um reino. Veja a diferença. O terceiro reino, grego, em  Daniel 8 é representado por um animal, o bode, e um rei ou dinastia é representado por um chifre. Ou seja, mesmo que o chifre morra, ou caia, o reino permanece como aconteceu com a ponta notável do bode que se quebrou e o bode continuou vivo. De outro modo, o animal como reino universal pode morrer e os chifres, dinastias, seguirem atuante. Isso fica evidente com o reino da Grécia. Ela deixa de ser o terceiro reino em 168 AC, mas uma de suas dinastias (Selêucida) permanece até o ano de 64 AC. Não se pode confundir reino universal com reis e dinastias. Se Deus quisesse mostrar o surgimento do quarto reino sobre a terra (Roma) nessa profecia ele teria mostrado um outro animal além do carneiro e do Bode e não apenas um chifre. 

   Vale lembrar que não podemos confundir o chifre pequeno de Daniel 8 , que surge no 3º reino, o grego, com o chifre pequeno de Daniel 7, que surge no 4º reino, depois da divisão de Roma, 476 DC.

“...e  alguns do exército e das estrelas deitou por terra e os pisou...E se engrandeceu até ao príncipe do exército e dele tirou o sacrifício diário e lugar do seu santuário foi deitado abaixo... “ Depois ouvi um santo que falava com outro santo. Até quando durará a visão do sacrifício diário e da transgressão assoladora, visão na qual é entregue o santuário e o exército a fim de serem pisados?  E ele me disse : “Até duas mil e trezentas tardes e manhãs e o santuário será purificado””. Daniel 8:10;13,14

                A questão do juízo investigativo em 1844 DC
       
Como vimos acima, o chifre pequeno não pode ser Roma porque Roma não surgiu de nenhum domínio grego. Outra interpretação equivocada que se faz dessa profecia é a interpretação que diz que o tempo das tardes e manhãs representa um tempo de 2300 anos que se estende de 457 AC à 1844 DC. Creem com base nessa profecia que em 1844 Jesus entrou no lugar santíssimo do santuário celestial para cumprir a profecia que diz que o santuário seria purificado, isto é, expiar os pecados das pessoas que estão registrados nos livros no céu.  

A hora de compreender o que o texto fala 

Para interpretar os textos Bíblicos temos que levar em conta dois princípios fundamentais: Compreensão do que se fala e compreensão do que se diz. Compreender o que se fala é perceber ou entender tudo o que está na superfície do texto como palavras, informações, sequencia de ideias, tema, diálogos, características de personagens etc.

Compreender o que se diz é perceber ou entender os sentidos e intenções do texto. E para isso, muitas vezes, lançamos mão da interpretação do contexto (Quando escreveu?  Quem escreveu? Para quem ou para que povo? Quais questões relevantes geraram a produção do texto?) Outros textos da Bíblia podem ajudar no tema? ) Da interpretação da figura de linguagem (É uma metáfora? É uma metonímia?) Da interpretação da simbologia (o que é uma besta em profecia?).  E muitas vezes da interpretação da palavra dentro da cultura do povo que recebeu a Bíblia (Como o povo de Deus de antigamente entendia essa palavra?) Essa última é muito importante, pois um brasileiro não entenderia muito bem porque um só hipopótamo é chamado na língua hebraica de hipopótamos no plural. Teria que conhecer a cultura do povo para interpretar.

   Assim, se a pessoa não fizer uma boa compreensão do que o texto fala, ela não compreenderá o que o texto quer dizer. O implícito e as entrelinhas são encontrados no que está explícito. Desse modo, levando em conta o tema aqui tratado, se o texto fala que um certo rei tomou o santuário e o proibiu de realizar os serviços diários por um período e essa informação não é levada em conta na interpretação, certamente que a pessoa irá extrapolar, ou seja, irá entender algo que o texto nunca disse.

   Partindo desse pressuposto, temos que antes de interpretar o texto, captar tudo o que está explícito em suas linhas. Por isso levantamos algumas ações do chifre pequeno para posteriormente tentar interpretar corretamente sem cair em extrapolações.

       As ações do chifre pequeno      
  • Entra na terra gloriosa
  • Persegue as estrelas do céu
  • Persegue o príncipe do exército
  • Toma o santuário e tira o holocausto diário do príncipe do exército
    Há duas coisas importantes que o estudante da Bíblia não pode deixar de perceber na leitura desse texto. Primeiro, no texto o príncipe do exército é quem apresenta os holocaustos e os sacrifícios. Segundo, o príncipe perde o santuário para o chifre pequeno e fica sem oferecer os holocaustos diários. Veja “Ele engrandeceu até o príncipe do exército e dele tirou o sacrifício diário e também o lugar do seu santuário foi deitado abaixo”.
  •  Pisa o santuário e persegue o exército por 2300 tardes e manhãs
     Outra coisa importante que não pode passar despercebido na leitura do texto é que o tempo das tardes e manhãs é o tempo que expressa a duração da perseguição ao santuário e ao exército.  No verso 13 alguém pergunta: “Até quando durará a visão do sacrifício diário e da transgressão assoladora, visão na qual é entregue o santuário e o exército para serem pisados?” A preposição “Até” remete ao fim de um período, ou seja, ele quer saber sobre a duração da perseguição ao santuário e ao príncipe mencionado nos versos anteriores. O verso 14 também começa com a preposição “Até" : "Até duas mil e trezentas tardes e manhãs”. Alguém pergunta “Até quando” e o outro responde “Até tanto e tanto”. Perceba no contexto que a perseguição ao exército e a tomada do santuário marca o inicio da visão da tarde e manhã e a purificação do santuário marca o fim desse período. Essa compreensão é de suma importância para não se extrapolar mais a frente com a interpretação do sentido. Lembrando também que nem estamos interpretando nada ainda, estamos apenas levantando dados explícitos no próprio texto. 

A hora de interpretar e compreender os sentidos

   Então, depois da compreensão dos dados e informações explícitas do texto vamos agora partir para a interpretação e para a captação de sentidos. Antes, porém é importante ressaltar como que algumas interpretações, por não realizar a devida percepção, extrapolam o que o texto quis dizer. Como alguns movimentos religiosos interpretam essa profecia de Daniel 8?

   Primeiro, interpretam o chifre pequeno como sendo Roma imperial, quarto reino sobre a terra. Segundo, o santuário mencionado no texto é interpretado como o santuário destruído por Roma no ano de 70 DC. Acreditam que o chifre pequeno pode ser tanto Roma Imperial como Roma papal. Desse modo, possuem dupla interpretação para os versos. Interpretam que a visão das tardes e manhãs representa um período de 2300 anos que vai de 457 AC até 1844 DC. Creem que a purificação do santuário mencionado no verso 14 é a purificação do santuário celestial dando inicio ao período que se chama de tempo do juízo.

   Como já falamos, a falta da devida compreensão daquilo que se fala, gera uma compreensão equivocada daquilo que o texto quer dizer. Veja os comentários abaixo com refutação a muitas dessas interpretações.  
                      
   O santuário mencionado no texto não pode ser interpretado como o santuário terrestre que foi destruído por Roma em 70 DC. É importante entender o contexto Bíblico. No antigo testamento o príncipe do exército era os sumo sacerdotes da tribo de Levi e no novo testamento o príncipe do exército é o nosso sumo sacerdote Jesus. Na visão o príncipe do exército se refere a Cristo ou ao sumo sacerdote levita? No texto de Daniel o príncipe do exército perde totalmente a capacidade de oferecer os holocaustos diários no santuário inclusive perdendo o acesso ao templo. 

  Isso revela duas coisas importantes. Primeiro, o príncipe do exército mencionado no capítulo não pode ser Cristo, já que Cristo nunca ofereceu holocausto no templo. Cristo nunca deixou de entrar no templo. Seria um erro total “espiritualizar” isso e dizer que holocaustos aí quer dizer outra coisa. Certamente que o texto está falando de algum sumo sacerdote da tribo de Levi que organizava os holocaustos diários. Segundo, se a perseguição ao templo se dá em um contexto em que vigorava os sumos sacerdotes da tribo de Levi então o texto não poderia se referir ao templo de Salomão que foi destruído no ano 70 DC. Nessa época, no tempo da nova aliança, o templo que estava em vigor já era o templo ou santuário celestial cujo príncipe é Jesus. Logo, a interpretação correta da visão é que algum sumo sacerdote iria perder, por causa de uma perseguição, o direito de entrar no santuário e de oferecer holocaustos e isso nos tempos do antigo testamento. Isto é, o texto fala do santuário em um contexto anterior a primeira vinda de Cristo.

   Dele tirou o holocausto diário e o lugar do seu santuário foi deitado abaixo...até quando durará a visão do sacrifício diário e da transgressão assoladora Daniel 8:12,13

   “E o povo do príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário e seu fim será um dilúvio ...virá o assolador...” Daniel 9:26,27

  Muitos relacionam o termo “assolar“ do capítulo 8 ao “assolador” e a destruição do capítulo 9, o que é um erro muito grande. No capítulo 8 o termo assolar se refere à “transgressão assoladora” , ou seja, uma transgressão da lei que causou espanto. No capitulo 9 o assolador é um rei destruidor, algo bem diferente. A mesma coisa se dá com o termo “deitar por terra” da visão da tarde e manhã sendo interpretada como “destruir” ou “derrubar”. Só que “deitar por terra” no contexto não é literal, mas sim figurativo. O capítulo 11 de Daniel, falando do mesmo assunto, esclarece um pouco mais essa questão “Dele sairão forças que profanarão o santuário e tirará os holocaustos diários, estabelecendo a abominação desoladora”. Daniel 11:31. Isto é, deitar por terra o santuário no contexto é, além de impedir os serviços diários do santuário, profanar um lugar extremamente sagrado que representava o lugar da habitação da Glória da majestade. Desse modo, “deitar por terra” no capítulo 8 é um termo conotativo (figurativo) e não literal. A destruição literal do santuário só acontece no capítulo 9, mas aí já é outra profecia.  

   Se a visão do holocausto contínuo se referisse literalmente à destruição romana do santuário, o texto não teria dito que o santuário seria purificado depois de 2300 tardes e manhãs, ok? Afinal, como já falamos, o tema do texto é santuário terrestre e não santuário celestial. Do contrario deveríamos contar 2300 tardes e manhãs a partir do ano 70 DC e esperar no final desse período uma purificação do templo de Salomão, o que seria uma extrapolação.

   E também ao entender que o santuário foi profanado e que houve uma transgressão assoladora dentro dele entendemos também porque no final das tardes e manhãs deveria acontecer uma purificação dentro do templo. Purificação no caso seria uma cerimônia para limpar e tornar santo novamente algo que foi maculado. Por isso é um erro terrível dizer que a purificação do santuário no texto se refere à purificação do santuário celestial. É um grande equivoco relacionar a purificação que se fazia no dia do juízo por causa dos pecados que eram registrados no santuário com a purificação que acontece no contexto de Daniel, já que nesse ultimo caso a purificação se dá por causa de uma profanação que um rei muito mal cometeu dentro do templo. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Pegar a palavra “purificado” e interpretá-la sem considerar o contexto é a mesma coisa que afirmar que as palavras só tem um só significado, o que seria um erro.       
                                                                                                   
 Além do mais, muitos leitores da Bíblia não conseguem perceber que o tempo das tardes e manhãs é a visão do holocausto diário (verso 13), ou seja, o santuário deveria ficar exatamente 2300 tardes e manhãs sem os serviços diários, isso está lá, é só ler!  Assim, como concluir que esse período começa em 457 AC e termina em 1844 DC? Sem cabimento! Um rei profana o santuário terreno no antigo testamento e isso só terminaria com uma purificação no santuário do céu?  

   O texto deixa bem claro que a partir do momento em que o rei que representava o chifre pequeno tomasse o santuário e perseguisse o povo de Deus, eles deveriam contar 2300 tardes e manhãs. Essa contagem não poderia ser a partir de 457 AC porque nessa data nem sequer existia a Grécia como o terceiro reino, uma vez que nesse tempo o domínio era o da Média Pérsia (segundo reino). A contagem das tardes e manhãs deveria começar em algum momento após o ano de 172 AC (tempo do fim da Grécia) e não voltar lá no tempo dos Persas (457 AC). Na verdade essa data marca o início das 70 semanas de Daniel 9 e não a profecia das tardes e manhãs como muitos pensam.  Do decreto para restaurar Israel (457 AC) até o surgimento do chifre pequeno (172 AC – tempo do fim da Grécia) há uma diferença de quase 300 anos!

   Assim, de acordo com as explicações acima, já podemos descartar a possibilidade de 2300 tardes e manhãs ser 2300 anos, uma vez que o povo santo e o santuário não seriam pisados por nenhum inimigo durante tanto tempo. Logo resta a pergunta, a visão da tarde e manhã representa quanto tempo?
     
Muitos erram essa profecia por entender que a profecia está se referindo a um tempo que equivale a 2300 tardes + 2300 manhãs, o que não é verdade. Duas mil e trezentas tardes e manhãs representam a quantidade de vezes que se conta a tarde e a manhã. Quer um exemplo? Quantas vezes você conta a palavra tarde e manhã na semana da criação? Perceba que até o sexto dia você terá contado 12 tardes e manhãs, é dessa forma que se conta as tardes e manhãs. Por que esse contexto é importante? O capítulo 8 de Daniel fala de um tempo em que o santuário ficaria sem o sacrifício diário e como o sacrifício diário acontecia à tarde e pela manhã o autor do texto usou essa linguagem. Em outras palavras, 2300 tardes e manhãs representam 2300 sacrifícios o que aconteceria em 1150 dias literais.

Qual é a prova concreta que essa conclusão está correta? Veremos abaixo que apesar do povo judeu e o templo nunca terem sido perseguidos por 2300 dias, contando a partir da volta de Babilônia até a destruição do templo no ano 70 DC, e muito menos foram perseguidos por 2300 anos, há argumentos factuais que comprovam que o povo de Deus (exército) e o santuário já foram perseguidos exatamente por 1150 dias. O santuário já foi tomado por um rei grego e ficou e o sumo sacerdote ficou por mais de 3 anos sem poder oferecer os holocaustos diários. Logo, não faz sentido a interpretação como sendo 1150 dias?
   
Então como aconteceu a confusão e concluíram que 2300 tardes e manhãs representam 2300 anos?  Tudo começa quando Daniel no fim do capítulo 8 diz que não entendeu a visão. Assim, concluíram que as 70 semanas é uma profecia dentro da profecia maior, já que o anjo estaria explicando novamente uma visão que Daniel não teria entendido na primeira explicação. Um erro. A pergunta é a seguinte, o que Daniel não entendeu na visão da tarde e manhã? Se você estivesse no lugar de Daniel em uma terra distante e sabendo que em seu país não havia mais o templo do seu Deus e que seu povo estaria espalhado pelo mundo e de repente você tivesse uma visão onde o templo, o sumo sacerdote e o povo fossem perseguidos duramente por um rei mau em Jerusalém, você entenderia a visão? Claro que não! Foi isso que ele não entendeu! Perceba que a mensagem central do capítulo 9 é falar sobre a construção do templo e sobre o que aconteceria ao povo judeu. 

   "Setenta semanas são determinadas para o teu povo" Daniel 9:24 “  Outra confusão que eles fazem é com a acepção da palavra "determinada". Segundo eles o fato da palavra determinada significar "cortada" prova que o tempo das 70 semanas seria cortado da visão da tardes e manhãs. Eles não conseguem perceber que cortar também pode significar "separar" ou "delimitar". Separar de onde? Separar um tempo especifico de um tempo infinito. A ideia de tempo é infinita para os filhos dos homens. Perceba que desde o momento da profecia até os nossos dias o tempo existe. E desse tempo todo qual parte foi "separada" para o povo judeu? As 70 semanas, começando em 457 AC até o ano 33 AC! É um erro dizer que as 70 semanas está inserida dentro dos 2300 anos! 

Concluindo essa parte, temos um rei grego, um rei não Roma como quarto reino, um rei que surge no fim do domínio grego (terceiro reino). Um rei que se torna muito forte e chega a tomar Jerusalém. Um homem que provoca uma grande perseguição aos judeus fieis e que inclusive toma o santuário a ponto de impedir durante 1150 dias literais a realização dos serviços diários.  Há na história alguém que pudéssemos apontar como o cumprimento dessa profecia? Alguém que ao apontarmos não saia da coerência Bíblica e da compreensão contextual? Veja o que o livro de Macabeus fala sobre um rei chamado Antíoco Epifânio IV.

  Vale lembrar que embora o livro de Macabeus não seja aceito como um livro inspirado pela maioria dos eruditos, há nesse livro um subsídio histórico muito grande e é desse subsídio que lançamos mão para esclarecer a profecia de Daniel 8. Leia abaixo um trecho do texto que fala sobre as ações de Antíoco Epifânio contra o povo judeu.

(...) 41Então, o rei Antíoco publicou um édito para todo o seu reino, prescrevendo que todos os po­vos se tornassem um só povo, 42aban­­donando as suas leis parti­cula­res.
To­dos os gentios se confor­maram com esta ordem do rei, 43e muitos de Israel adaptaram a reli­gião de An­tíoco, sacrificando aos ído­los e vio­lando o sábado. 44Por meio de men­sa­geiros, o rei enviou a Jeru­salém e às cidades de Judá car­tas, prescre­vendo que aceitassem os costumes dos outros povos da terra, 45suspen­dessem os holocaustos, os sacrifícios e as libações no templo, vio­lassem os sábados e as festas, 46profanas­sem o santuário e as coi­sas santas, 47eri­gis­sem altares, tem­plos e ído­los, sacri­ficassem porcos e animais imundos, 48deixassem os seus filhos incircun­cisos e manchas­sem as suas almas com toda a espécie de impu­rezas e abo­minações,49a fim de que esque­ces­­­sem a Lei de Deus e trans­gredissem todos os seus man­da­men­tos. 50Todo aquele que não obede­cesse à ordem do rei devia ser morto.
51Foi este o teor com que o rei escreveu a todo o reino; nomeou ins­pectores para obrigarem o povo a cumprir a sua vontade e ordenou às cidades de Judá que fizessem sacri­fí­­cios, em todas elas. 52Foram mui­tos os que, de entre o povo, aderi­ram e abandonaram a Lei. Fizeram muito mal no país 53e obrigaram os ver­da­deiros israelitas a refugiarem-se em esconderijos, afastados e ocultos.
 54 No dia quinze do mês de Quis­leu, do ano cento e quarenta e cinco, o rei edificou a abominação da deso­lação sobre o altar dos sacri­fí­cios, e construíram altares em todas as ci­da­­des de Judá. 55Queimaram incenso diante das portas das casas e nas praças públicas, 56rasgaram e quei­maram todos os livros da Lei, que en­contraram.57Todo aquele que tivesse em seu poder um livro da Aliança ou mostrasse gosto pela Lei, morreria, em virtude do decreto do rei. 58Era com este rigor que trata­vam Israel e todos aqueles que ha­bi­tavam nas suas cidades, mês após mês.
59No dia vinte e cinco de cada mês, sacrificavam no altar que es­tava levantado sobre o altar dos ho­lo­caus­tos. 60As mulheres que circun­cida­vam os seus filhos eram mortas, conforme o édito do rei, 61e os seus filhos, suspensos pelo pes­coço. Mata­­­vam também os domésti­cos e os que lhes tinham feito a circuncisão. 62Fo­­­ram muitos os israelitas que resol­veram, no seu coração, não comer nada de impuro, preferindo antes mor­rer, a manchar-se com ali­men­tos impuros; 63e preferiram ser tru­ci­­dados, a manchar-se com ali­men­tos impuros e a profanar a aliança san­ta. 64 Foi muito grande a cólera que caiu sobre Israel.

    Lendo essa primeira parte do livro de Macabeus é como estivéssemos lendo o próprio livro de Daniel. O rei Antíoco toma Jerusalém e persegue o povo de Deus. Em seguida proíbe a religião judaica, isto é, proíbe a guarda do sábado, proíbe a circuncisão, queima todos os livros da lei. Força os israelitas a comerem animais impuros. Também, estabelece leis para se construir vários altares aos deuses gregos em Jerusalém e suspende todos os serviços do santuário como os sacrifícios. O Cúmulo do pecado acontece quando o rei Antíoco estabelece uma abominação desoladora em cima do altar de sacrifício. Diz o texto que todo dia 25 de Kislev (calendário judaico) o povo era obrigado a sacrificar aos deuses com animais impuros. Quem não cumprisse tais ordens eram mortos.

 Interessante como que esse texto lança luz sobre o texto de Daniel, por exemplo, o texto de Daniel fala de transgressão assoladora no santuário só que em Daniel não há mais esclarecimentos sobre o que seria isso. No livro de Macabeus entendemos de transgressão assoladora seria essa, isto é, a construção de um altar pagão em cima do altar santo e manda sacrificar porcos nele. 

Veja a continuação do texto ...

Judas e os seus irmãos disseram então: «Os nossos inimigos estão aniquilados; subamos, pois, purifiquemos e res­tauremos o santuário.»
37 Reunido todo o exército, subiram ao monte de Sião. 38Ao verem a de­so­­lação do santuário, o altar pro­fa­nado, as por­tas queimadas, os átrios cheios de ervas, nascidas como num bosque ou nos montes, e os aposen­tos demo­li­dos, 39rasgaram as vestes, lamen­ta­­ram-se e deitaram cinza sobre a cabeça. 40Prostraram-se com o rosto por terra, tocaram as trom­betas e clamaram ao céu. 41Então, Judas mandou um destacamento a comba­ter os soldados da cidadela, en­quanto purificavam o santuário. 42De­pois, escolheu sacerdotes irrepreen­sí­veis e zelosos pela lei, 43que puri­ficaram o templo e transportaram para um lugar impuro as pedras con­tamina­das.
44 Deliberaram entre si o que se deveria fazer do altar dos holo­caus­tos, que fora profanado, 45e to­ma­ram a boa resolução de o demo­lir, para que não recaísse sobre eles o opró­brio vindo da profanação dos gen­tios. Destruíram-no, portanto, 46e trans­por­taram as pedras para um lugar conveniente sobre a monta­nha do templo, até que viesse algum pro­feta e decidisse o que se lhes devia fazer. 47E arranjaram as pedras intactas, segundo a lei, e construí­ram um novo altar, semelhante ao primeiro. 48Res­tauraram também o templo e o inte­rior do templo e purificaram os átrios. 49Fizeram no­vos vasos sagrados e transportaram para o santuário o candelabro, o altar dos perfumes e a mesa. 50Quei­maram incenso sobre o altar, acen­deram as lâmpadas do candelabro, para iluminar o templo, 51colocaram pães sobre a mesa e sus­penderam os véus, terminando com­pletamente o trabalho empreendido.
52No dia vinte e cinco do nono mês, que é o mês de Quisleu, do ano cento e quarenta e oito, levantaram-se muito cedo 53e ofereceram um sa­crifício, segundo a lei, sobre o novo altar dos holocaustos, que tinham levantado. 54Precisamente no mes­mo dia e na mesma hora em que os gentios o tinham profanado, o altar foi de novo consagrado ao som de cân­ticos, harpas, liras e címbalos. 55Todo o povo se prostrou com o rosto por terra, para adorar e bendizer aquele que lhes deu tão feliz triun­fo.56Du­rante oito dias celebraram a dedi­cação do altar e, com alegria, ofere­ceram ho­lo­caustos e sacrifícios de comu­nhão e de acção de graças. 57Ador­naram a fachada do templo com coroas de ouro e com pequenos escudos, consagra­ram as entradas do templo e as salas, nas quais colo­caram portas.
58Foi grande a alegria do povo, e foi afas­tado o opróbrio in­fligido pe­las na­ções. 59Judas e seus irmãos, assim como toda a assem­bleia de Israel, estabeleceram que os dias da dedi­ca­ção do altar fossem celebrados, cada ano, na sua data própria, durante oito dias, a partir do dia vinte e cinco do mês de Quis­leu, com alegria e rego­zijo.60Nessa ocasião, cercaram a mon­­tanha de Sião com uma alta mura­lha e fortes torres, para que os gentios não viessem derrubá-las, como ou­trora tinham feito. 61Judas pôs ali tro­pas para a guardar e fortificou tam­bém Bet-Sur, a fim de que o povo tivesse uma fortaleza de protecção frente à Idumeia.

        Desse modo, o livro de Macabeus esclarece a profecia de Daniel 8. Antíoco Epifânio IV, surgindo dentro de um dos domínios da Grécia, torna-se rei em 175 AC e no ano de 168 AC estende seu poder para a palestina. Em 167 AC proíbe o culto judaico e toma o santuário impedindo de se realizar holocaustos nele. Também comete  abominações dentro do templo sacrificando animais impuros dentro dele e colocando a estátua de deuses pagãos nos átrios da casa do Eterno. No ano de 164 DC os judeus se levantam cedo e fazem uma grande festa para purificar o templo e restabelecer os serviços sagrados do mesmo. A contar a partir do momento da proibição da religião judaica até a purificação do santuário temos um total de 1150 dias ou 2300 sacrifícios conforme predita na profecia

     
Aqueles que dizem que o chifre pequeno não pode ser Antíoco Epifânio pelo fato do texto dizer que o chifre pequeno se tornaria muito forte e que nunca o Epifânio teria sido tão forte assim principalmente quando o comparamos com Roma, desconhecem a história e as questões de relatividade. Veja, o Brasil aos olhos dos Estados Unidos é um país insignificante economicamente e militarmente. Não obstante, o mesmo Brasil é um país muito forte aos olhos dos bolivianos. Aos olhos dos judeus Antíoco Epifânio IV foi sim muito forte. É relativo, ele como um rei pode até ser inferior ao compararmos com os grandes imperadores de Roma, é verdade, no entanto, diante dos judeus e diante dos reis que governavam a Grécia que é o contexto da profecia por algum momento ele foi sim muito forte.  

Logo, concluímos que contra os fatos não há argumentos. Isso que apresentamos acima são fatos e não pontos de vista. Fica claro que o chifre pequeno é Antíoco Epifânio e a visão do sacrifício diário mostrado como as 2300 tardes e manhãs é o tempo de 1150 dias, ou seja, foi o tempo em que o santuário ficou sem sacrifícios e a religião judaica proibida. A purificação do santuário se deu no ano de 164 AC quando os judeus fizeram uma cerimônia para “limpar” e santificar novamente o santuário para o reúso. Outra coisa que ficou evidente é que muitas doutrinas como a doutrina do juízo investigativo em 1844 DC são grandes equívocos gerados por dificuldades na compreensão daquilo que realmente o texto fala. Como foi comentado acima, o ato de interpretar versos desconexos, sem considerar todo o contexto, é o principal motivo das extrapolações. A pessoa pega o verso que fala do chifre pequeno e o interpreta como sendo Roma sem mesmo prestar atenção que o chifre surge na cabeça do bode (Grécia). Para terminar, deixamos uma dica para os estudiosos da Bíblia, primeiro devemos compreender aquilo que o texto fala para somente depois, por meio da interpretação, compreender os sentidos, os implícitos e as entrelinhas do texto.