sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

NÃO PRECISAMOS MAIS DA LEI DE DEUS POR ESTARMOS NA GRAÇA?

Leitura: Êxodo 20:1-27

Outro dia estava ouvindo um pastor na rádio falar sobre a lei de Deus. Olha, confesso que nunca vi tanta coisa que liga nada a coisa nenhuma. Ao mesmo tempo em que ele dizia que a lei foi abolida e que os servos de Deus não estão mais na obrigação de guardá-la por estarem vivendo o tempo da graça, dizia também que deveríamos guardar os mandamentos de Deus e de Jesus Cristo como, por exemplo, o mandamento que diz que não devemos fazer imagem de escultura. E para piorar as coisas ainda disse que a lei dos dízimos que está relacionada com o sacerdócio levitico e com o templo, que foi destruído pelos romanos, deveria ser obedecida fielmente pelos fiéis. Que confusão teológica!

Diante do embate, orei muito e pesquisei sobre o assunto para que esse tema seja esclarecido e a igreja de Deus seja edificada.

Entendemos a lei de Deus como a vontade de Deus para o seu povo. Essas leis sempre estão baseadas no amor. Por isso sua transgressão resulta em pecado, pois Deus é amor. I João 3:4 As virtudes e qualidades de Deus estão expressas em sua lei.

No entanto, embora as escrituras falem somente em lei de Deus, podemos notar facilmente duas características da lei. Lei eterna e lei provisória e circunstancial.

Qual que seria a lei eterna? A lei eterna seria a mesma lei que a humanidade deveria obedecer mesmo se o homem não tivesse cometido pecado. A lei que tem seus princípios representados nos dez mandamentos. Então mesmo que Adão não pecasse, a raça humana continuaria não fazendo ídolos, não considerando ninguém como Deus ou algo parecido, continuaria em perfeita harmonia, corpo, alma e espírito, consigo mesmo e com seu próximo. Princípios universais de relacionamento: nada que me prejudique e que não prejudique o meu próximo.

Essa lei é eterna, pois até no reino vindouro, depois da volta do Messias, esses princípios continuarão a ser obedecidos.

Vale lembrar que essa lei foi, em um primeiro momento, escrita somente nas consciências das pessoas, e somente em um segundo momento, escrita em duas tabuas de pedras.

E, também, é bom frisar que quando Jesus falou sobre a essência da lei que era amar a Deus e amar ao próximo ele não estava trazendo algo novo, mas apenas mencionando algo que as pessoas já sabiam, mas que estavam deixando de obedecer. Levitico 19:18  Deuterônomio 6:5.

Já a lei provisória e circunstancial que, embora não está explícita como provisória nas escrituras, é uma lei com características bem diferentes da lei eterna.

Essas leis só foram dadas a humanidade por causa do pecado que entrou no mundo. Se Adão não pecasse certamente não haveria essas leis. O homem pecou e como conseqüência do pecado perdeu parte da essência de Deus dele. As leis Eternas de Deus passaram a não se harmonizar tanto com o seu coração. E agora, o que fazer?  Se Deus e pecado não combinam, como o homem poderia se relacionar com Deus? Então é que foi apresentada uma lei provisória (na forma de figura) que justificaria o homem até o tempo da correção (vinda do Filho de Deus) tempo em que a sombra encontraria sua substância.

A circuncisão, que era uma marca no exterior ou no corpo da pessoa, expressava que a pessoa era de Deus. As leis de sacrifício de animais na forma de ofertas (na era dos patriarcas) A lei dos sacrifícios e das cerimônias com aspersão de sangue (na era do santuário e do sacerdócio levitico). Os dias santos e feriados que tinham relação direta com os sacrifícios. Levitico 16 e 23. Essas leis eram contrárias aos povos de outras nações, pois só podiam participar das bênçãos espirituais, os que tinham pacto com Deus: os circuncidados, isto é, os Filhos de Israel. Efésios 2:11-15.

Era plano de Deus que todas as leis provisórias se cumprissem em Cristo. Todas as pessoas que aceitaram o Filho de Deus como salvador, no novo testamento, passariam a cumprir os princípios dessa lei no próprio Filho de Deus. Romanos 10:4.

Agora, na nova aliança, não precisava os gentios ser circuncidados e ir ao templo de Jerusalém para sacrificar cordeiros e mais cordeiros, de derramar sangue e mais sangue, pois por aceitar o Messias que veio de Deus, foram justificados, o derramamento do Espírito sobre os incircuncisos provou isso, automaticamente, pela fé, já foram enxertados na raiz da oliveira, isto é, no Israel de Deus.  

E como a lei provisória era apenas sombras e figuras do plano verdadeiro que haveria de vir no futuro, não possuía força para transformar o homem interior. Hebreus 10, Gálatas 3:19.   E o fato dos filhos de Israel se tornarem idolatras pouco tempo depois de prometerem eterna fidelidade a Deus, prova isso, Êxodo 19 e 32 houve a necessidade de uma nova aliança. Uma aliança que colocasse a mente humana em sintonia com a Lei eterna de Deus. Hebreus 8:8-11 . Vale mencionar que o problema da antiga aliança não estava na Lei Eterna dos dez mandamentos, mas na lei provisória que não conseguia ajudar o homem a melhorar seu coração na guarda dos princípios da Lei Eterna.  

Então se antes (antigo testamento) as pessoas deveriam buscar a lei provisória por estar em falta com a lei eterna, ou seja, por causa dos pecados as pessoas corriam em busca da justificação provisória da lei que era o cumprimento das ordenanças cerimoniais, agora com a justificação em Cristo, as leis provisórias perderam o valor. Ou seja, se eu já fui aceito, justificado, perdoado, renovado e sigo guardando os princípios da lei dos dez mandamentos, para que circuncidar? Para que sacrificar animais no templo?

Foi justamente isso que alguns irmãos não entenderam na igreja primitiva. Alguns judeus que aceitaram a fé em Cristo insistiam que os gentios (pessoas que não eram judeus) que estava entrando na Igreja guardassem a lei provisória: circuncidar, sacrificar ir ao templo nos dias de festas. Paulo, sabendo disso, escreve cartas aos irmãos dizendo que a lei fora abolida e que todos os que seguissem se justificando na lei, cairia da graça. Segundo Paulo, a Lei seria um aio, teria validade somente até Cristo, pois o fim da lei é Cristo.

Aí que está o ponto da discórdia de hoje, muitos não levam em conta o contexto das escrituras nas discussões de Paulo. Não entendem que a lei mencionada por Paulo não é os dez mandamentos, mas a lei que foi dada como provisória no antigo pacto. Os dez mandamentos não são leis que se cumpriram na forma de figura. Hebreus 8:4,5 .Não tomar o nome de Deus em vão foi um mandamento para Adão, foi um mandamento para os patriarcas, foi um mandamento para o povo de Israel, foi um mandamento para os apóstolos, para o próprio Jesus e para a Igreja de Deus, desde o primeiro século, passando pela igreja perseguida até nossos dias.

Já a lei do sacrifício e a lei da circuncisão não, não foi guardada antes da entrada do pecado,  e não vai ser guardada no reino vindouro, uma vez que não existirá mais morte. Uma lei Eterna e uma lei provisória. Uma foi criada para não deixar o homem pecar e a outra foi criada como conseqüência do homem ter pecado.

Agora hoje, muitos pastores, muitos religiosos até sinceros, mas sem nenhum conhecimento das escrituras, pegam os textos, desconexos, de Paulo para dizer que Paulo está afirmando que a lei ETERNA de Deus foi abolida por vivermos no tempo da graça. Não entendem que a graça veio justamente para ajudar o homem a guardar os dez mandamentos e não para transgredir. Por que estamos no tempo da graça, devemos tomar o nome de Deus em vão? Então quem tem ouvido para ouvir que ouça: JESUS NÃO ABOLIU OS DEZ MANDAMENTOS, ABOLIU somente A LEI PROVISÓRIA QUE CONSISTIA NA FORMA DE ORDENANÇAS! A transgressão de qualquer preceito dos Dez mandamentos resulta em pecado grande contra Deus!

No próximo estudo falaremos sobre o Sábado do quarto mandamento da lei.

2 comentários:

  1. Sábias palavras, parabéns a explicação faz total sentido. Paz de Jesus.

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  2. A explicação está correta na minha opinião, Deus o abençoe pela disposição em publicar sobre a palavra da salvação.

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