Informações
prévias sobre a profecia de Daniel 8 que podem ajudar na interpretação do texto
Animal = Reino
Chifre = Rei ou dinastia
Nota: No contexto do livro de Daniel há quatro grandes
reinos sobre a terra. O primeiro, Babilônico, o segundo, Medo Persa, o
terceiro, Grego e o quarto, Romano. O quarto reino seria dividido (Europa) e
Jesus volta justamente na época dessa divisão. Vale lembrar que em profecia, um reino só surge quando o
outro perde o domínio. Um reino não pode surgir enquanto o outro está de pé.
Isso é fundamental para entender a profecia de Daniel 8.
Carneiro: Média Pérsia (2º reino sobre a terra). Peito de prata da estátua de Daniel 2
2 chifres : Dois reis, Dario e Ciro
Bode = Reino grego (3º reino sobre a terra).
Ventre de bronze da estátua Daniel 2.
Chifre grande= Rei Alexandre Magno
4 chifres = 4 reis (Cassandro, Lísimaco ,
Seleúco e Ptolomeu)
4 Ventos = 4 cantos (leste, oeste, norte e sul) que
pertencem a um domínio.
Exército ou estrelas do céu = povo de Deus
Exército ou estrelas do céu = povo de Deus
Príncipe
do exército ou Príncipe dos príncipes = Sumo sacerdote (Números 3:32,
Atos 23:5)
Chifre pequeno = Interpretação controversa
(Alguns acham que é Roma outros acham que é um rei chamado de Antíoco Epifânio
IV)
Nesse estudo buscamos enfatizar
aspecto da profecia que fala sobre o chifre pequeno, por isso a ênfase se fará
a partir do verso 8 do capítulo 8.
“E o bode se engrandeceu em grande maneira e estando em
sua maior força foi quebrado seu chifre grande. E no seu lugar nasceram quatros
chifres notáveis para os quatro ventos do céu” Daniel 8:8
Os quatro ventos dos céus são interpretados como
sendo os quatro pontos cardeais (leste, oeste, norte e sul). No entanto, os
pontos cardeais no contexto Bíblico estão relacionados somente às regiões
especificas do domínio grego. Ou seja, ao dizer que cada ponta se tornou
notável para cada um dos ventos o texto quis dizer que cada rei estendeu seu
domínio para um lado e para uma região dentro do domínio grego. Logo, a chave
para o entender o versos seguintes é entender que o leste, o oeste, o norte e o sul
fazem referência somente às regiões que pertenciam ao reino divido da Grécia. As 4 pontas
não se tornaram notáveis para os quatro cantos do planeta, já que muitas
regiões e civilizações ficaram fora do domínio de Selêuco, Ptolomeu, Casandro e Lísimaco.
“E de um deles saiu um chifre pequeno e se tornou muito forte
para o sul, para o oriente e para a terra formosa” Daniel 8:9
Há uma discussão para saber se o chifre nasce de
um chifre ou de um vento. Contudo isso é indiferente, uma vez que nascendo
no chifre ou nascendo no vento o texto estaria dizendo uma mesma coisa: Um outro chifre, além dos quatro,
nasceu na cabeça do bode, isto é, um rei
surgiu dentro dos domínios da Grécia. Os quatro ventos representam as 4 regiões
da Grécia que estavam ao norte, ao sul, ao leste e ao oeste. Um rei nascendo do
vento também pode ser interpretado como um rei surgindo, por exemplo, do lado
oeste das terras que pertencia à Grécia. Portanto, a interpretação correta é que de um dos lados (ventos) e regiões que pertenciam à Grécia surgiu um rei e esse rei, tomando como referencia o lugar de onde ele saiu, estendeu seu domínio ao sul, ao oriente e para a terra
formosa (Jerusalém).
A ideia de que o rei que representa o chifre
pequeno nasce em uma região que pertence a Grécia exclui totalmente a
interpretação do chifre pequeno como sendo Roma, já que Roma não surge de
nenhuma região que pertencia à Grécia.
Além do mais, há muitos outros motivos que impedem
de ser Roma esse chifre pequeno. Primeiro, a ponta pequena surgiria no
tempo do fim do reino grego (Daniel 8:23). Tempo do fim no contexto é o nome
que se dá ao período que expressa os últimos anos de domínio e governo do
terceiro reino (Grécia). Do ponto de vista interpretativo Roma como o quarto
reino não surge no tempo do fim da Grécia. Roma só pode surgir depois da queda
total da Grécia. A profecia deixa bem claro isso com a visão da estátua de
Nabucodonosor onde o metal ferro (Roma) da estátua só aparece depois que o
bronze (Grécia) é eliminado. Falar que as pernas de ferro aparecem enquanto o
bronze ainda domina é um erro interpretativo. Perceba no contexto da profecia
que para indicar o fim do segundo reino (Média Pérsia) a profecia mostra o
carneiro sendo morto pelo bode. Você encontra algum indício de que o bode morre
na profecia de Daniel 8 ? Claro que não! Então podemos deduzir que o chifre
pequeno faz referência ao surgimento de um rei grego e não do surgimento do
quarto reino que no caso é Roma.
Segundo, dizer que o chifre pequeno de Daniel 8
é Roma é uma forma de demonstrar total falta de atenção no que acontece no
contexto da profecia. Os dois chifres na cabeça do carneiro representam um reino universal ou dois reis ? O chifre grande na cabeça do bode representa um reino universal ou um rei ? Os quatro chifres que estavam na cabeça do bode representam um reino ou quatro reis? Nessa profecia um chifre é sempre um rei ou uma dinastia e não um reino. Veja a diferença. O terceiro reino, grego, em Daniel 8 é representado por um
animal, o bode, e um rei ou dinastia é representado por um chifre. Ou seja, mesmo que o
chifre morra, ou caia, o reino permanece como aconteceu com a ponta notável do
bode que se quebrou e o bode continuou vivo. De outro modo, o animal como reino
universal pode morrer e os chifres, dinastias, seguirem atuante. Isso fica
evidente com o reino da Grécia. Ela deixa de ser o terceiro reino em 168 AC,
mas uma de suas dinastias (Selêucida) permanece até o ano de 64 AC. Não se pode
confundir reino universal com reis e dinastias. Se Deus quisesse mostrar o
surgimento do quarto reino sobre a terra (Roma) nessa profecia ele teria mostrado um
outro animal além do carneiro e do Bode e não apenas um chifre.
Vale lembrar que não podemos confundir o chifre pequeno de Daniel
8 , que surge no 3º reino, o grego, com o chifre pequeno de Daniel 7, que
surge no 4º reino, depois da divisão de Roma, 476 DC.
“...e alguns do exército e das estrelas deitou por terra e
os pisou...E se engrandeceu até ao príncipe do exército e dele tirou o
sacrifício diário e lugar do seu santuário foi deitado abaixo... “ Depois ouvi um santo que falava com
outro santo. Até quando durará a visão do sacrifício diário e da transgressão
assoladora, visão na qual é entregue o santuário e o exército a fim de serem
pisados? E ele me disse : “Até duas mil e trezentas tardes e manhãs e o
santuário será purificado””. Daniel 8:10;13,14
A
questão do juízo investigativo em 1844 DC
Como vimos acima, o chifre pequeno não pode ser
Roma porque Roma não surgiu de nenhum domínio grego. Outra interpretação
equivocada que se faz dessa profecia é a interpretação que diz que o tempo das
tardes e manhãs representa um tempo de 2300 anos que se estende de 457 AC à
1844 DC. Creem com base nessa profecia que em 1844 Jesus entrou no lugar
santíssimo do santuário celestial para cumprir a profecia que diz que o
santuário seria purificado, isto é, expiar os pecados das pessoas que estão
registrados nos livros no céu.
A hora de compreender o que o texto
fala
Para interpretar os textos Bíblicos temos que levar
em conta dois princípios fundamentais: Compreensão do que se fala e compreensão do que se diz.
Compreender o que se fala é perceber ou entender tudo o que está na superfície
do texto como palavras, informações, sequencia de ideias, tema, diálogos,
características de personagens etc.
Compreender o que se diz é perceber ou entender os
sentidos e intenções do texto. E para isso, muitas vezes, lançamos mão da
interpretação do contexto (Quando escreveu? Quem escreveu? Para quem ou
para que povo? Quais questões relevantes geraram a produção do texto?) Outros
textos da Bíblia podem ajudar no tema? ) Da interpretação da figura de
linguagem (É uma metáfora? É uma metonímia?) Da interpretação da simbologia (o
que é uma besta em profecia?). E muitas vezes da interpretação da palavra
dentro da cultura do povo que recebeu a Bíblia (Como o povo de Deus de
antigamente entendia essa palavra?) Essa última é muito importante, pois um
brasileiro não entenderia muito bem porque um só hipopótamo é chamado na língua
hebraica de hipopótamos no plural. Teria que conhecer a cultura do povo para
interpretar.
Assim, se a pessoa não fizer uma boa
compreensão do que o texto fala, ela não compreenderá o que o texto quer dizer.
O implícito e as entrelinhas são encontrados no que está explícito. Desse
modo, levando em conta o tema aqui tratado, se o texto fala que um certo rei
tomou o santuário e o proibiu de realizar os serviços diários por um período e
essa informação não é levada em conta na interpretação, certamente que a pessoa
irá extrapolar, ou seja, irá entender algo que o texto nunca disse.
Partindo desse pressuposto, temos que
antes de interpretar o texto, captar tudo o que está explícito em suas linhas. Por isso levantamos
algumas ações do chifre pequeno para posteriormente tentar interpretar
corretamente sem cair em extrapolações.
As ações do chifre pequeno:
- Entra na terra gloriosa
- Persegue as estrelas do céu
- Persegue o príncipe do exército
- Toma o santuário e tira o holocausto diário do príncipe do exército
- Pisa o santuário e persegue o exército por 2300 tardes e manhãs
A hora de interpretar e compreender os sentidos
Então,
depois da compreensão dos dados e informações explícitas do texto vamos agora
partir para a interpretação e para a captação de sentidos. Antes, porém é
importante ressaltar como que algumas interpretações, por não realizar a devida
percepção, extrapolam o que o texto quis dizer. Como alguns movimentos
religiosos interpretam essa profecia de Daniel 8?
Primeiro,
interpretam o chifre pequeno como sendo Roma imperial, quarto reino sobre a
terra. Segundo, o santuário mencionado no texto é interpretado como o santuário
destruído por Roma no ano de 70 DC. Acreditam que o chifre pequeno pode ser
tanto Roma Imperial como Roma papal. Desse modo, possuem dupla interpretação
para os versos. Interpretam que a visão das tardes e manhãs representa um período
de 2300 anos que vai de 457 AC até 1844 DC. Creem que a purificação do
santuário mencionado no verso 14 é a purificação do santuário celestial dando
inicio ao período que se chama de tempo do juízo.
Como já
falamos, a falta da devida compreensão daquilo que se fala, gera uma
compreensão equivocada daquilo que o texto quer dizer. Veja os comentários
abaixo com refutação a muitas dessas interpretações.
O santuário mencionado no texto não pode ser
interpretado como o santuário terrestre que foi destruído por Roma em 70 DC. É
importante entender o contexto Bíblico. No antigo testamento o príncipe do
exército era os sumo sacerdotes da tribo de Levi e no novo testamento o
príncipe do exército é o nosso sumo sacerdote Jesus. Na visão o príncipe do
exército se refere a Cristo ou ao sumo sacerdote levita? No texto de Daniel o
príncipe do exército perde totalmente a capacidade de oferecer os holocaustos
diários no santuário inclusive perdendo o acesso ao templo.
Isso revela duas coisas importantes.
Primeiro, o príncipe do exército mencionado no capítulo não pode ser Cristo, já
que Cristo nunca ofereceu holocausto no templo. Cristo nunca deixou de entrar
no templo. Seria um erro total “espiritualizar” isso e dizer que holocaustos aí
quer dizer outra coisa. Certamente que o texto está falando de algum sumo
sacerdote da tribo de Levi que organizava os holocaustos diários. Segundo, se a
perseguição ao templo se dá em um contexto em que vigorava os sumos sacerdotes
da tribo de Levi então o texto não poderia se referir ao templo de Salomão que
foi destruído no ano 70 DC. Nessa época, no tempo da nova aliança, o templo que
estava em vigor já era o templo ou santuário celestial cujo príncipe é Jesus.
Logo, a interpretação correta da visão é que algum sumo sacerdote iria perder,
por causa de uma perseguição, o direito de entrar no santuário e de oferecer
holocaustos e isso nos tempos do antigo testamento. Isto é, o texto fala do
santuário em um contexto anterior a primeira vinda de Cristo.
“Dele tirou o holocausto
diário e o lugar do seu santuário foi deitado abaixo...até quando durará a
visão do sacrifício diário e da transgressão assoladora” Daniel 8:12,13
“E o povo do príncipe que há de vir
destruirá a cidade e o santuário e seu fim será um dilúvio ...virá o
assolador...” Daniel 9:26,27
Muitos relacionam o termo “assolar“ do capítulo 8 ao
“assolador” e a destruição do capítulo 9, o que é um erro muito grande. No
capítulo 8 o termo assolar se refere à “transgressão assoladora” , ou seja, uma
transgressão da lei que causou espanto. No capitulo 9 o assolador é um rei
destruidor, algo bem diferente. A mesma coisa se dá com o termo “deitar por
terra” da visão da tarde e manhã sendo interpretada como “destruir” ou
“derrubar”. Só que “deitar por terra” no contexto não é literal, mas sim
figurativo. O capítulo 11 de Daniel, falando do mesmo assunto, esclarece um
pouco mais essa questão “Dele sairão forças que profanarão o santuário e tirará
os holocaustos diários, estabelecendo a abominação desoladora”. Daniel 11:31.
Isto é, deitar por terra o santuário no contexto é, além de impedir os serviços
diários do santuário, profanar um lugar extremamente sagrado que representava o
lugar da habitação da Glória da majestade. Desse modo, “deitar por terra” no
capítulo 8 é um termo conotativo (figurativo) e não literal. A destruição
literal do santuário só acontece no capítulo 9, mas aí já é outra profecia.
Se a visão do holocausto contínuo se referisse
literalmente à destruição romana do santuário, o texto não teria dito que o
santuário seria purificado depois de 2300 tardes e manhãs, ok? Afinal, como já
falamos, o tema do texto é santuário terrestre e não santuário celestial. Do
contrario deveríamos contar 2300 tardes e manhãs a partir do ano 70 DC e esperar
no final desse período uma purificação do templo de Salomão, o que seria uma
extrapolação.
E também ao entender que o santuário foi
profanado e que houve uma transgressão assoladora dentro dele entendemos também
porque no final das tardes e manhãs deveria acontecer uma purificação dentro do templo. Purificação no caso seria uma cerimônia
para limpar e tornar santo novamente algo que foi maculado. Por isso é um erro
terrível dizer que a purificação do santuário no texto se refere à purificação
do santuário celestial. É um grande equivoco relacionar a purificação que se
fazia no dia do juízo por causa dos pecados que eram registrados no santuário
com a purificação que acontece no contexto de Daniel, já que nesse ultimo caso
a purificação se dá por causa de uma profanação que um rei muito mal cometeu
dentro do templo. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Pegar a palavra
“purificado” e interpretá-la sem considerar o contexto é a mesma coisa que
afirmar que as palavras só tem um só significado, o que seria um erro.
Além do mais, muitos
leitores da Bíblia não conseguem perceber que o tempo das tardes e manhãs é a
visão do holocausto diário (verso 13), ou seja, o santuário deveria ficar
exatamente 2300 tardes e manhãs sem os serviços diários, isso está lá, é só
ler! Assim, como concluir que esse período começa em 457 AC e termina em
1844 DC? Sem cabimento! Um rei profana o santuário terreno no antigo testamento
e isso só terminaria com uma purificação no santuário do céu?
O texto deixa bem claro que a partir do momento
em que o rei que representava o chifre pequeno tomasse o santuário e
perseguisse o povo de Deus, eles deveriam contar 2300 tardes e manhãs. Essa
contagem não poderia ser a partir de 457 AC porque nessa data nem sequer
existia a Grécia como o terceiro reino, uma vez que nesse tempo o domínio era o da
Média Pérsia (segundo reino). A contagem das tardes e manhãs deveria
começar em algum momento após o ano de 172 AC (tempo do fim da Grécia) e não
voltar lá no tempo dos Persas (457 AC). Na verdade essa data marca o início das
70 semanas de Daniel 9 e não a profecia das tardes e manhãs como muitos
pensam. Do decreto para restaurar Israel (457 AC) até o surgimento do
chifre pequeno (172 AC – tempo do fim da Grécia) há uma diferença de quase 300
anos!
Assim, de acordo com as explicações acima, já
podemos descartar a possibilidade de 2300 tardes e manhãs ser 2300 anos, uma
vez que o povo santo e o santuário não seriam pisados por nenhum inimigo
durante tanto tempo. Logo resta a pergunta, a visão da tarde e manhã representa
quanto tempo?
Muitos erram essa profecia por entender
que a profecia está se referindo a um tempo que equivale a 2300 tardes + 2300
manhãs, o que não é verdade. Duas mil e trezentas tardes e manhãs representam a
quantidade de vezes que se conta a tarde e a manhã. Quer um exemplo? Quantas
vezes você conta a palavra tarde e manhã na semana da criação? Perceba que até
o sexto dia você terá contado 12 tardes e manhãs, é dessa forma que se conta as
tardes e manhãs. Por que esse contexto é importante? O capítulo 8 de Daniel
fala de um tempo em que o santuário ficaria sem o sacrifício diário e como o
sacrifício diário acontecia à tarde e pela manhã o autor do texto usou essa
linguagem. Em outras palavras, 2300 tardes e manhãs representam 2300 sacrifícios o que aconteceria em 1150 dias literais.
Qual é a prova concreta que essa
conclusão está correta? Veremos abaixo que apesar do povo judeu e o templo
nunca terem sido perseguidos por 2300 dias, contando a partir da volta de
Babilônia até a destruição do templo no ano 70 DC, e muito menos foram
perseguidos por 2300 anos, há argumentos factuais que comprovam que o povo de
Deus (exército) e o santuário já foram perseguidos exatamente por 1150 dias. O
santuário já foi tomado por um rei grego e ficou e o sumo sacerdote ficou por
mais de 3 anos sem poder oferecer os holocaustos diários. Logo, não faz sentido
a interpretação como sendo 1150 dias?
Então como aconteceu a confusão e concluíram que 2300 tardes e manhãs representam 2300 anos? Tudo começa quando Daniel no fim do capítulo 8 diz que não entendeu a visão. Assim, concluíram que as 70 semanas é uma profecia dentro da profecia maior, já que o anjo estaria explicando novamente uma visão que Daniel não teria entendido na primeira explicação. Um erro. A pergunta é a seguinte, o que Daniel não entendeu na visão da tarde e manhã? Se você estivesse no lugar de Daniel em uma terra distante e sabendo que em seu país não havia mais o templo do seu Deus e que seu povo estaria espalhado pelo mundo e de repente você tivesse uma visão onde o templo, o sumo sacerdote e o povo fossem perseguidos duramente por um rei mau em Jerusalém, você entenderia a visão? Claro que não! Foi isso que ele não entendeu! Perceba que a mensagem central do capítulo 9 é falar sobre a construção do templo e sobre o que aconteceria ao povo judeu.
"Setenta semanas são determinadas para o
teu povo" Daniel 9:24 “ Outra confusão que eles fazem é com a
acepção da palavra "determinada". Segundo eles o fato da palavra
determinada significar "cortada" prova que o tempo das 70 semanas
seria cortado da visão da tardes e manhãs. Eles não conseguem perceber que
cortar também pode significar "separar" ou "delimitar".
Separar de onde? Separar um tempo especifico de um tempo infinito. A ideia de
tempo é infinita para os filhos dos homens. Perceba que desde o momento da
profecia até os nossos dias o tempo existe. E desse tempo todo qual parte foi
"separada" para o povo judeu? As 70 semanas, começando em 457 AC até
o ano 33 AC! É um erro dizer que as 70 semanas está inserida dentro dos 2300
anos!
Concluindo essa parte, temos um rei
grego, um rei não Roma como quarto reino, um rei que surge no fim do domínio
grego (terceiro reino). Um rei que se torna muito forte e chega a tomar
Jerusalém. Um homem que provoca uma grande perseguição aos judeus fieis e que
inclusive toma o santuário a ponto de impedir durante 1150 dias literais a
realização dos serviços diários. Há na história alguém que pudéssemos
apontar como o cumprimento dessa profecia? Alguém que ao apontarmos não saia da
coerência Bíblica e da compreensão contextual? Veja o que o livro de Macabeus
fala sobre um rei chamado Antíoco Epifânio IV.
Vale lembrar que embora o livro de Macabeus não seja
aceito como um livro inspirado pela maioria dos eruditos, há nesse livro um
subsídio histórico muito grande e é desse subsídio que lançamos mão para
esclarecer a profecia de Daniel 8. Leia abaixo um trecho do texto que fala
sobre as ações de Antíoco Epifânio contra o povo judeu.
(...) 41Então, o rei Antíoco publicou um
édito para todo o seu reino, prescrevendo que todos os povos se tornassem um
só povo, 42abandonando as suas leis particulares.
Lendo essa
primeira parte do livro de Macabeus é como estivéssemos lendo o próprio livro
de Daniel. O rei Antíoco toma Jerusalém e persegue o povo de Deus. Em seguida
proíbe a religião judaica, isto é, proíbe a guarda do sábado, proíbe a
circuncisão, queima todos os livros da lei. Força os israelitas a comerem
animais impuros. Também, estabelece leis para se construir vários altares aos
deuses gregos em Jerusalém e suspende todos os serviços do santuário como os
sacrifícios. O Cúmulo do pecado acontece quando o rei Antíoco estabelece uma
abominação desoladora em cima do altar de sacrifício. Diz o texto que todo dia
25 de Kislev (calendário judaico) o povo era obrigado a sacrificar aos deuses
com animais impuros. Quem não cumprisse tais ordens eram mortos.
Interessante como que esse texto lança luz sobre o
texto de Daniel, por exemplo, o texto de Daniel fala de transgressão assoladora
no santuário só que em Daniel não há mais esclarecimentos sobre o que seria
isso. No livro de Macabeus entendemos de transgressão assoladora seria essa,
isto é, a construção de um altar pagão em cima do altar santo e manda
sacrificar porcos nele.
Veja a continuação do texto ...
Judas e
os seus irmãos disseram então: «Os nossos inimigos estão aniquilados; subamos,
pois, purifiquemos e restauremos o santuário.»
37 Reunido
todo o exército, subiram ao monte de Sião. 38Ao verem a desolação
do santuário, o altar profanado, as portas queimadas, os átrios cheios de
ervas, nascidas como num bosque ou nos montes, e os aposentos demolidos, 39rasgaram
as vestes, lamentaram-se e deitaram cinza sobre a cabeça. 40Prostraram-se
com o rosto por terra, tocaram as trombetas e clamaram ao céu. 41Então,
Judas mandou um destacamento a combater os soldados da cidadela, enquanto purificavam
o santuário. 42Depois, escolheu sacerdotes irrepreensíveis e
zelosos pela lei, 43que purificaram o templo e transportaram
para um lugar impuro as pedras contaminadas.
44 Deliberaram
entre si o que se deveria fazer do altar dos holocaustos, que fora
profanado, 45e tomaram a boa resolução de o demolir, para
que não recaísse sobre eles o opróbrio vindo da profanação dos gentios.
Destruíram-no, portanto, 46e transportaram as pedras para um
lugar conveniente sobre a montanha do templo, até que viesse algum profeta e
decidisse o que se lhes devia fazer. 47E arranjaram as pedras
intactas, segundo a lei, e construíram um novo altar, semelhante ao
primeiro. 48Restauraram também o templo e o interior do
templo e purificaram os átrios. 49Fizeram novos vasos sagrados
e transportaram para o santuário o candelabro, o altar dos perfumes e a
mesa. 50Queimaram incenso sobre o altar, acenderam as
lâmpadas do candelabro, para iluminar o templo, 51colocaram
pães sobre a mesa e suspenderam os véus, terminando completamente o trabalho
empreendido.
52No dia
vinte e cinco do nono mês, que é o mês de Quisleu, do ano cento e quarenta e
oito, levantaram-se muito cedo 53e ofereceram um
sacrifício, segundo a lei, sobre o novo altar dos holocaustos, que tinham
levantado. 54Precisamente no mesmo dia e na mesma hora em que
os gentios o tinham profanado, o altar foi de novo consagrado ao som de cânticos,
harpas, liras e címbalos. 55Todo o povo se prostrou com o rosto
por terra, para adorar e bendizer aquele que lhes deu tão feliz triunfo.56Durante
oito dias celebraram a dedicação do altar e, com alegria, ofereceram holocaustos
e sacrifícios de comunhão e de acção de graças. 57Adornaram a
fachada do templo com coroas de ouro e com pequenos escudos, consagraram as
entradas do templo e as salas, nas quais colocaram portas.
Desse modo, o livro de Macabeus esclarece a profecia de Daniel
8. Antíoco Epifânio IV, surgindo dentro de um dos domínios da Grécia, torna-se
rei em 175 AC e no ano de 168 AC estende seu poder para a palestina. Em 167 AC
proíbe o culto judaico e toma o santuário impedindo de se realizar holocaustos
nele. Também comete abominações dentro do templo sacrificando animais
impuros dentro dele e colocando a estátua de deuses pagãos nos átrios da casa
do Eterno. No ano de 164 DC os judeus se levantam cedo e fazem uma grande festa
para purificar o templo e restabelecer os serviços sagrados do mesmo. A contar
a partir do momento da proibição da religião judaica até a purificação do
santuário temos um total de 1150 dias ou 2300 sacrifícios conforme predita na
profecia.
Aqueles que dizem que o chifre pequeno não pode ser Antíoco Epifânio pelo fato do texto dizer que o chifre pequeno se tornaria muito forte e que nunca o Epifânio teria sido tão forte assim principalmente quando o comparamos com Roma, desconhecem a história e as questões de relatividade. Veja, o Brasil aos olhos dos Estados Unidos é um país insignificante economicamente e militarmente. Não obstante, o mesmo Brasil é um país muito forte aos olhos dos bolivianos. Aos olhos dos judeus Antíoco Epifânio IV foi sim muito forte. É relativo, ele como um rei pode até ser inferior ao compararmos com os grandes imperadores de Roma, é verdade, no entanto, diante dos judeus e diante dos reis que governavam a Grécia que é o contexto da profecia por algum momento ele foi sim muito forte.
Logo, concluímos que contra os fatos
não há argumentos. Isso que apresentamos acima são fatos e não pontos de vista.
Fica claro que o chifre pequeno é Antíoco Epifânio e a visão do sacrifício
diário mostrado como as 2300 tardes e manhãs é o tempo de 1150 dias, ou
seja, foi o tempo em que o santuário ficou sem sacrifícios e a religião judaica proibida. A purificação do
santuário se deu no ano de 164 AC quando os judeus fizeram uma cerimônia para
“limpar” e santificar novamente o santuário para o reúso. Outra coisa que ficou
evidente é que muitas doutrinas como a doutrina do juízo investigativo em 1844
DC são grandes equívocos gerados por dificuldades na compreensão daquilo que realmente o texto fala. Como foi comentado acima, o ato de interpretar versos
desconexos, sem considerar todo o contexto, é o principal motivo das
extrapolações. A pessoa pega o verso que fala do
chifre pequeno e o interpreta como sendo Roma sem mesmo prestar atenção que o
chifre surge na cabeça do bode (Grécia). Para terminar, deixamos uma dica para
os estudiosos da Bíblia, primeiro devemos compreender aquilo que o texto fala
para somente depois, por meio da interpretação, compreender os sentidos, os
implícitos e as entrelinhas do texto.
Quando o escritor começou a falar de Macabeus, desfez totalmente o texto. Basear uma interpretação séria de Daniel em um livro apócrifo? Tentativa tola de enganar os desavisados. Se se desse chance ao escritor, voltaria a perseguição da Idade Média. Continue a propagar a mensagem da primeira besta do apocalipse, você irá de mal a pior.
ResponderExcluirAmigo, essa sua estratégia de refutação é muita usada em discursos políticos, ou seja, tentar encontrar algum ponto fraco no discurso do outro para desqualificá-lo. No caso o ponto fraco do meu texto é a citação de Macabeus, porém eu disse claramente que o usei somente como base histórica, deixei bem claro isso. E mesmo que você não queira usar o livro de Macabeus use o contexto histórico. Pergunte para os judeus porque eles comemoram a festa de Hanucá. Pesquise se em algum momento após a volta do exílio babilônico o templo ficou sem o oferecimento de holocaustos. Se houve alguma dura perseguição aos judeus no contexto do Império grego. Na verdade eu nem sei porque eu estou te respondendo, você é uma taça cheia. Já sabe tudo! Todos estão errados e você com a verdade absoluta sobre isso não?
ExcluirAmigo, essa sua estratégia de refutação é muita usada em discursos políticos, ou seja, tentar encontrar algum ponto fraco no discurso do outro para desqualificá-lo. No caso o ponto fraco do meu texto é a citação de Macabeus, porém eu disse claramente que o usei somente como base histórica, deixei bem claro isso. E mesmo que você não queira usar o livro de Macabeus use o contexto histórico. Pergunte para os judeus porque eles comemoram a festa de Hanucá. Pesquise se em algum momento após a volta do exílio babilônico o templo ficou sem o oferecimento de holocaustos. Se houve alguma dura perseguição aos judeus no contexto do Império grego. Na verdade eu nem sei porque eu estou te respondendo, você é uma taça cheia. Já sabe tudo! Todos estão errados e você com a verdade absoluta sobre isso não?
ExcluirRapaz, que pobreza! desqualificar a narrativa histórica (não sei se inspirada) de Macabeus pra apoiar um doutrina espúria de uma religião fundada quase 2000 anos depois de Cristo, é algo inacreditável. Quer dizer que as histórias seculares são todas mentirosas quando não tiver apoio na religião? Fala sério.
ExcluirMuito bom, Fabio Pinto Bento! Excelente, teus esclarecimentos sobre Daniel 8 (as 2300 tardes e manhãs).
ResponderExcluirFábio,
ResponderExcluirÉ incrível! Acabo de ler seu texto e suas conclusões são as mesmas, minhas. Para chegar às conclusões a que tenho chegado, apenas peguei minhas bíblias, dentre elas a boa Bíblia de Jerusalém e estudei.Venho estudando as afirmações adventistas e comparando-as com o livro de Daniel. Sua coerência me faz ver que não estou sozinho quanto a estudar a Bíblia de forma correta, sem parcialidade ou para defender teorias teológicas sem base escriturística.
Fábio,
ResponderExcluirCorrija-me se eu estiver errado... Porque o chifre pequeno não pode ser Roma?
1. Roma é representado no capítulo 7 como um "animal terrível e espantoso e muito forte", bem diferente de um "chifre pequeno".
2. A profecia, no capítulo 7 e 8, usa o símbolo de animais para representar impérios e chifres para representar reis.
3. Como você mesmo explicou, o chifre pequeno nasce de um dos chifres ou de um dos quatro ventos, não havendo diferença de onde nasça, sendo o mesmo lugar, como explicado em Daniel 11:4 "e estando ele em pé, o seu reino será quebrado e será repartido para OS QUATRO VENTOS DO CÉU". É de um desses quatro ventos que o chifre pequeno vem, portanto, de um dos quatro chifres.
4. O contexto do capítulo 8 fala de dois reinos (Medo-Pérsia e Grécia) e de seus sucessores (dentro desses impérios).
5. Neste contexto surge um rei (o chifre pequeno), que ataca o povo de Deus (judeus) e o santuário de Deus, profanando-o.
6. A purificação do santuário de Daniel se deve à profanação contra ele feita pelo chifre pequeno, não tendo absolutamente nada a ver com a purificação do santuário de Levitico 16. Não há uma ligação! O dia da expiação segundo a lei, era o dia em que o sumo sacerdote fazia a purificação ritual dos pecados do POVO DE DEUS ali simbolicamente colocados durante o ano. A purificação do santuário em Daniel é por uma causa completamente diferente, portanto, nada tem a ver com Jesus entrando em um santuário em 1.844. De acordo com a visão adventista, Jesus entrou no santuário para purificá-lo dos nossos pecados mas, o texto de Daniel discorda, afirmando que se isso aconteceu, foi para purificá-lo das impurezas ali colocadas pelo chifre pequeno e para restabelecer seus cultos rituais normais.
7. O adventismo ensina que o chifre pequeno é Roma nas suas duas fases, imperial e papal. Sem querer ofender ninguém, essa interpretação é forçada e pueril. As "duas" Romas andaram juntas (coexistiram ao mesmo tempo) por muito pouco tempo. O Contexto de Daniel 8 e 11 não admite o papado e admite Roma imperial apenas citando-a de passagem, como no caso dos "navios de Quitim", onde um emissário romano obrigado Antíoco a cessar seus ataques contra o Egito. É justamente voltando que ele ataca o templo de Jerusalém e o profana. É impossível Roma papal, ou mais claramente, o catolicismo romano ter "profanado o santuário" por dois motivos: em se tratando do santuário terrestre, quando surgiu o papado este já não existia. Em se tratando do santuário celeste, é impossível para qualquer poder humano profaná-lo.
8. Outra interpretação adventista ensina que o chifre pequeno (Roma) "levantou-se contra o príncipe dos principes" e o matou, crucificando-o. Mais uma interpretação forçada e infantil; quem matou Jesus foram os judeus e Roma, na pessoa de Pôncio Pilatos, fez de tudo para livrá-lo da morte. Portanto, não se pode colocar a culpa pela morte de Cristo em Roma.
Há ainda muitos outros argumentos robustos contra a teologia adventista. Argumentos claros e bíblicos, como os que você apresentou em seu texto.
Obrigado pelo estudo, fique com Deus!
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ResponderExcluirSua análise me fez refletir. Não vou dizer que concordo nem discordo, preciso ainda avaliar. Mas desde já parabéns por suas pesquisas. Depois volto aqui pra comentar minha conclusão.
ResponderExcluirVoltei pra dizer depois de anos que concordo com você. E eu fui adventista de berço. Porém devo dizer que mesmo sendo uma profecia mal interpretada pelos adventistas, o que eles dizem também faz sentido. Mas um sentido que do erro Deus tirou um acerto, que eu não sei bem como explicar em poucas palavras. Foi um movimento necessário em certo sentido. Muito obrigada, você é sábio.
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